Pessoas que recebem o Bolsa Família têm menos risco de serem internadas por uso de substâncias como álcool e outras drogas. Essa é a conclusão de uma pesquisa do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz na Bahia (Cidacs/Fiocruz Bahia) em parceria com a Universidade de Harvard.
O estudo foi publicado na edição de março da revista científica internacional The Lancet Global Health. Segundo o levantamento, beneficiários e beneficiárias do programa de transferência de renda apresentaram 17% menos chance de passar por esse tipo de internação.
No detalhamento dos dados, foi observada uma redução de 26% no risco de internações por uso de álcool e 11% no risco de internação por outras substâncias entre quem recebe o benefício.
“Ao combater a pobreza e promover maior inclusão social, o Bolsa Família não apenas reduz as barreiras financeiras imediatas, mas também aborda determinantes primários de saúde, destacando o papel crucial dos programas de proteção social na promoção da equidade e na melhoria da saúde da população”, diz a pesquisa.
A principal conclusão é de que o acesso à renda reduz parte das preocupações cotidianas que podem levar a um agravamento dos problemas de saúde mental. Em linhas gerais, receber o Bolsa Família contribui para aumentar o bem-estar das famílias.
Segundo o estudo, as conclusões “sublinham o potencial do programa de mitigar as consequências para a saúde das desigualdades econômicas e sociais, particularmente no Brasil, onde as disparidades estruturais afetam substancialmente o acesso aos cuidados e os resultados de saúde.”
O levantamento também avaliou o peso do nível socioeconômico do local onde cada pessoa vive, usando dados do Índice Brasileiro de Privação (IBP-Cidacs), que mede as condições de cada região. Essa análise indicou que, mesmo nas famílias com maior privação material, o risco de internação por uso de substâncias é 41% menor quando o Bolsa Família está presente.
Realizada com base nos dados da folha de pagamento do programa de transferência de renda e do Sistema de Informações Hospitalares, a pesquisa ressalta que ensaios clínicos sobre o tema ainda são escassos, mas que “estudos em países de baixa e média renda mostram a eficácia de tais programas na melhoria de resultados de saúde, incluindo reduções na depressão e ansiedade.”
Ainda de acordo com o estudo, informações dessa natureza podem ajudar no aprimoramento de projetos como o Bolsa Família, inclusive, com foco em acelerar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que incluem a erradicação da pobreza.