Os preços dos produtos mais consumidos no país subiram 1,31% em fevereiro – a maior alta para o mês desde 2003. Apesar dos alimentos terem aumentado menos, reajustes de tarifas de serviços públicos e fim do bônus em conta de luz elevaram a inflação.
Em fevereiro de 2024, ela foi 1,15 ponto percentual mais alta do que em janeiro, quando ficou em 0,16%. Foi também 0,48 ponto percentual maior do que a verificada em fevereiro de 2023, quando estava em 0,83%.
Nos últimos 12 meses, a inflação chegou a 5,06%. Está, portanto, acima da meta de até 4,5% definida pelo governo para o ano.
Esses dados foram divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles dizem respeito ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação do país.
De acordo com o IBGE, pesaram sobre o IPCA neste mês itens de educação e habitação. Só a habitação, que subiu 4,44% no mês, teve impacto de 0,65 ponto na inflação de 1,31% de fevereiro – ou seja, mais da metade do índice.
A alta tem a ver com o fim do desconto nas contas de luz do país. Esse desconto havia sido concedido por conta do chamado bônus de Itaipu, uma rateio dos resultados operacionais da usina binacional.
Em janeiro, por conta do bônus, as contas de luz caíram 14,21%. Em fevereiro, com o fim dele, elas subiram 16,8%.
“Essa alta se deu em razão do fim da incorporação do bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro”, ratificou Fernando Gonçalves, gerente do IBGE responsável pelo IPCA.
Também tiveram impacto sobre os preços de habitação os reajustes das tarifas dos serviços de água e esgoto em algumas capitais, como Porto Alegre.
Já os itens de educação subiram 4,70% – a maior alta do mês. O aumento está relacionado a reajustes de cursos regulares de escolas privadas realizados sempre no início do ano letivo. Houve aumento de 7,51% das mensalidades do ensino fundamental, 7,27% do ensino médio e 7,02% da pré-escola.
Alimentos sobem menos
Os preços dos alimentos subiram 0,7% em fevereiro deste ano. Em janeiro, eles haviam subido 0,96%.
Ainda assim, houve alimentos que subiram significativamente: o ovo de galinha aumentou 15,39% e o café moído, 10,77%. Caíram os preços da batata-inglesa (4,10%), do arroz (1,61%) e do leite longa vida (1,04%).
“O café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos, e pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta”, explicou Gonçalves.
Os itens de transportes, com alta 0,61%, também subiram menos na comparação com janeiro (1,30%). Por conta do reajuste no ICMS, o resultado foi influenciado pelo aumento nos combustíveis, que aumentaram 2,89%.
Ainda em transportes, o reajuste de tarifas de ônibus urbano em capitais, incluindo São Paulo, teve impacto no índice.
INPC
A alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que define o reajuste do salário mínimo, foi de 1,48% em fevereiro. Ela também foi a maior variação para fevereiro desde 2003 e o maior resultado desde março de 2022.
Nos últimos 12 meses, ele acumula alta de 4,87%.