Sobe e desce do preço dos alimentos, dança das cadeiras ministeriais, (des)aprovação cada vez maior e presença — insatisfatória — em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). O governo Lula tem estado nas notícias nos últimos dias, e é bem provável que este texto fique velho em pouco tempo.
Para quem se posiciona à esquerda, como é o caso do Brasil de Fato, não é exatamente simples noticiar assuntos assim. Por mais que saibamos que Lula é melhor do que a alternativa, temos o compromisso de trazer a informação verídica para nossos leitores.
Isso, muitas vezes, gera críticas. Ao publicarmos que a desaprovação do governo Lula chegou a 53% de acordo com a AtlasIntel, fomos questionados se “mudamos de lado” e afirmaram que estávamos fazendo um desserviço.
Mas o serviço do jornalismo é informar. E não estou aqui tentando criar uma falsa sensação de imparcialidade — que não existe —, mas onde há necessidade de aprofundar e criticar, a gente o fará. Este é o nosso trabalho, especialmente estando ao lado do trabalhador brasileiro.
O tema do preço dos alimentos, por exemplo, é extremamente caro à sociedade e esteve muito em alta este ano. Por mais que o governo tenha anunciado medidas para reduzir os valores, precisamos de alternativas duradouras e da garantia de uma soberania alimentar, explica Yamila Goldfarb, professora e presidenta da Associação Nacional de Reforma Agrária.
A reforma agrária, aliás, é uma saída efetiva para a questão dos alimentos. Na semana passada, o governo federal anunciou a entrega de 12.297 lotes de terra para famílias acampadas em 24 estados brasileiros.
Em nota, o MST afirma que a decisão do governo federal representa uma conquista, mas destaca que ainda há um longo caminho para a reforma agrária: “Compreendemos que essa é uma primeira e efetiva demonstração concreta de compromisso com nossa bandeira da reforma agrária, sendo necessário avançarmos com mais intensidade a partir de agora”.
O tema está quente, inclusive pela provável saída de Paulo Teixeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O MST vem criticando-o desde o ano passado, cobrando uma maior atenção à pauta da reforma agrária.
Ainda está para ser divulgado quem entra no lugar de Teixeira, mais um no troca-troca ministerial deste ano, que envolveu Paulo Pimenta, Nísia Trindade e Alexandre Padilha.
De acordo com fontes ligadas ao Planalto, essas mudanças têm dois objetivos: reacomodar as forças do PT no governo, mexendo fundamentalmente nos ministérios que já são ocupados pelo partido, e reacomodar os partidos que compõem a base do governo no Congresso Nacional.
Este movimento efetivamente envolve todos os assuntos citados neste texto: a dança das cadeiras é uma grande tentativa de controlar situações adversas, fazer as pazes com diferentes setores e melhorar o cenário de aprovação.
Resta esperar para ver o que vai acontecer. E você pode contar com o Brasil de Fato para acompanhar e noticiar, mesmo que isso, às vezes, signifique criticar um pouco.
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Estamos de olho.
Rafaella Coury
Coordenadora de Redes Sociais