O principal representante da Assembleia Nacional do Povo chinês, Zhao Leji, chamou a “continuar nossos esforços para fazer novas e maiores contribuições para a grande causa da reunificação nacional”. A declaração desta sexta-feira (14) ocorreu no Simpósio sobre o 20º aniversário da Lei Antissecessão, que proíbe tentativas de tornar Taiwan independente.
No dia anterior, o líder taiwanês Lai Ching-te do Partido Democrático Progressista (PDP), havia classificado a China como “força estrangeira hostil”. A expressão não é nova, ela consta num documento de Taiwan aprovado em 2020, para “impedir a infiltração e a interferência de forças hostis do exterior”. Nesse texto, porém, a China não foi definida como tal.
Lai fez a coletiva após uma reunião onde foram anunciadas 17 medidas que incluem desde o restabelecimento do sistema de tribunais militares a limitar a entrada de chineses da parte continental na ilha. Além disso, restabelecer o sistema de tribunais militares, dissolvido em 2013, teria como objetivo julgar supostos casos de espionagem chinesa e ações envolvendo militares taiwaneses.
“Não temos escolha a não ser abordar o problema com uma abordagem mais agressiva”, disse Lai.
Lei Antissecessão
Por sua vez, a Lei Antissecessão, aprovada em 2005 pela República Popular da China, estabelece a reunificação pacífica como objetivo, mas prevê que qualquer movimento em direção à independência permitirá ao Estado utilizar meios não pacíficos para garantir a reunificação.
A Lei Antissecessão estipula que “o Estado nunca permitirá que as forças secessionistas da ‘independência de Taiwan’ separem Taiwan da China sob qualquer nome ou de qualquer forma” e “resolver a questão de Taiwan e alcançar a reunificação nacional são assuntos internos da China e não estão sujeitos à interferência de nenhuma força estrangeira”.
Zhao Leji disse que é necessário “enriquecer e melhorar ainda mais o sistema de ‘punir o separatismo com a lei'”.
Envolvimento dos EUA
“Avisamos a administração de Lai Ching-te: quem brinca com fogo vai se queimar”, afirmou no dia anterior, Chen Binhua, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado. A frase é frequentemente utilizada por autoridades chinesas direcionadas às forças separatistas de Taiwan.
A coletiva de Binhua aconteceu depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company), a empresa líder na indústria de semicondutores, anunciarem um investimento da TSMC de pelo menos US$ 100 bilhões (R$ 574 bilhões) nos Estados Unidos.

A medida foi vista de forma crítica até mesmo em Taiwan. Quando foi anunciada como possibilidade, no começo do mês, o ex-líder de Taiwan, Ma Ying-jeou, disse que a empresa estaria sendo vendida para os EUA como uma suposta “taxa para proteção”.
“O medo do povo de Taiwan de que a TSMC possa se tornar uma ‘TSMC dos EUA’ certamente não é infundado. O destino de Taiwan, de peão a abandonado, é um resultado inevitável”, disse o porta-voz chinês;
“Os EUA estão esvaziando a TSMC e drenando os recursos de Taiwan, enquanto as autoridades do PDP permitem que outros tirem vantagem de Taiwan como bem entenderem, sem demonstrar preocupação com o bem-estar do povo de Taiwan ou com os interesses do setor industrial”, completou.