A Biblioteca Pública do Estado (BPE) do Rio Grande do Sul foi palco de uma noite de memória, arte e resistência na última sexta (14), com a abertura da mostra “Águas para a vida: mulheres atingidas bordando a luta”. O evento, que celebra o Mês da Mulher e marca um ano das enchentes que devastaram o estado em 2024, emocionou o público presente com histórias bordadas em arpilleras, uma técnica chilena de costura carregada de simbolismo e narrativa.

Com curadoria do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a exposição trouxe à tona as vozes de mulheres afetadas pelas águas, que transformaram suas experiências em arte. Cada bordado exposto carrega um pedaço de história, com cores, texturas e bolsos que guardam cartas escritas pelas próprias artesãs, relatando suas dores, esperanças e lutas.

Expressão e Resistência
Durante a cerimônia de abertura, Suelen Fagundes, coordenadora do MAB da Lomba do Pinheiro e uma das atingidas pela barragem Lomba do Sabão, destacou a importância da técnica das arpilleras como forma de resistência. “Essa é uma técnica que vem do Chile, usada durante a ditadura para denunciar as violências sofridas pelas mulheres e suas famílias. Hoje, utilizamos o bordado para contar nossa história e nos fortalecer”, afirmou.

O evento reuniu ativistas, artistas, pesquisadores e membros da comunidade, criando um espaço de escuta e reflexão sobre as consequências das enchentes e os desafios enfrentados pelas mulheres atingidas. Entre os destaques da noite, estavam depoimentos comoventes e a interação entre as bordadeiras e o público, que puderam compreender mais profundamente o significado de cada peça exposta.
Próximas Atividades
A exposição segue aberta até o dia 31 de maio, no saguão do segundo piso da BPE, com entrada gratuita. Durante esse período, serão realizadas oficinas quinzenais de bordado aos sábados, nos dias 15 e 29 de março, 12 e 26 de abril e 10 e 24 de maio, sempre às 15h. As oficinas contarão com a presença de mulheres do movimento, que compartilharão suas experiências e ensinarão a técnica da arpillera para a confecção de uma peça coletiva, que será doada à biblioteca.

Interessados podem obter mais informações pelo e-mail [email protected].
A mostra “Águas para a vida” não é apenas uma exposição de arte, mas um testemunho têxtil da força e resiliência de mulheres que enfrentam as consequências das tragédias climáticas. Um convite à reflexão e à solidariedade.


