Famílias atingidas pela expansão do metrô de Belo Horizonte ocuparam as obras de construção da linha 2 na manhã desta segunda-feira (17). Elas reivindicam a abertura de uma mesa de negociação com a Metrô BH, concessionária responsável pelo serviço desde a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Durante o protesto, as obras ficaram paralisadas.
Desde setembro do ano passado, quase 400 famílias têm vivido a incerteza sobre onde vão morar, já que a empresa anunciou que essas pessoas teriam que ser removidas de suas casas para a expansão do modal.
A manifestação desta segunda-feira contou também com a presença do Movimento de Trabalhadores Sem Teto (MTST), do Movimento Brasil Popular e do Levante Popular da Juventude, além de outras organizações sociais. O vereador de Belo Horizonte Bruno Pedralva (PT) e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) também estiveram presentes.
“A empresa privada Metrô BH está judiando e cometendo diversas violações dos direitos das famílias que moram no entorno da futura linha 2 do metrô de BH. A pauta é a garantia de direitos. Tem família recebendo R$ 10 mil para entregar sua casa. Isso é um absurdo”, comentou Bruno Pedralva.
Chave por chave
As famílias defendem o que tem sido chamado de “chave por chave”. Ou seja, só concordam em entregar as chaves das residências onde vivem atualmente com a garantia de receber as chaves de casas novas.
A empresa se programa para desembolsar um total de R$ 28,7 milhões. Dessa forma, o valor médio proposto para cada família é em torno de R$ 89 mil. A proposta da concessionária é de que as famílias sejam indenizadas somente pelas benfeitorias realizadas nos imóveis, sendo desconsiderado o valor dos terrenos.
“Não houve diálogo algum e o valor oferecido pela empresa é absurdo. Além disso, ainda não foi apresentado devidamente um plano de reassentamento. Quem é responsável pela paralisação das obras é a negligência do governo do estado e da Metrô BH. Queremos a linha 2, mas é preciso garantir os direitos das famílias”, denunciou a deputada Bella Gonçalves.
No mês passado, o ministro de Estado da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, se reuniu com as famílias e se comprometeu a intervir por uma resolução favorável aos moradores dos bairros Gameleira, Nova Gameleira, Nova Cintra, Betânia, Vista Alegre e da região do Barreiro.
O outro lado
Em nota, a Metrô BH informa que já foi realizado o mapeamento da área de desocupação e iniciou-se o processo de “negociações com titulares de benfeitorias”. A empresa também colocou os seus canais de comunicação à disposição das famílias.