Na última quinta-feira (13), manifestantes se reuniram em frente a Trump Tower, em Nova York, pedindo a libertação de Mahmoud Khalil. A manifestação foi organizada e liderada pelo grupo judeu anti-sionista de solidariedade palestina Voz Judaica pela Paz, e os manifestantes encenaram uma ação de desobediência civil dentro de um dos maiores símbolos do poder de Trump.
Sob o coro de “Venham por um, enfrentem-nos a todos, libertem Mahmoud, libertem-nos a todos!”, os manifestantes sentaram-se e cantaram no piso inferior do edifício, portando faixas com os dizeres “Libertem Mahmoud, Libertem a Palestina” e “Não se pode deportar um movimento”. Durante o protesto, 98 manifestantes foram detidos.
A organização feminista anti-guerra e anti-militarista CODEPINK também confrontou membros do Congresso estadunidense, perguntando porque não apoiaram publicamente os apelos à libertação de Khalil. Entre eles, Ritchie Torres, representante do Bronx, que se tornou notório pelo seu apoio irrestrito para Israel.
Medea Benjamin, do CODEPINK, perguntou a Torres, no Capitólio, se ele achava que “um portador de green card [visto dos EUA] que não cometeu nenhum crime devia ser preso”. Torres respondeu: “Se estiver envolvido numa conduta violenta que toma conta de um edifício num campus universitário, isso não é liberdade de expressão”.
Momento da prisão de Khalil
A esposa de Kahlil, Noor, grávida de oito meses, também divulgou as gravações que fez do momento da prisão de Khalil por policiais da ICE. O vídeo revelou que os agentes da imigração se recusaram a dar os seus nomes a Noor, e ordenou que ela se afastasse depois de vários agentes terem algemado Khalil e o escoltado para fora do alojamento universitário onde vive.
Foi “o momento mais aterrorizante da minha vida”, declarou Noor. “Parecia um rapto, porque era: agentes à paisana, que se recusaram a mostrar um mandado, a falar com o nosso advogado ou mesmo a dizer os seus nomes, obrigaram o meu marido a entrar num carro sem identificação e levaram-no para longe de mim. Ameaçaram me levar também, apesar de estarmos calmos e a colaborando plenamente. Durante as 38 horas seguintes, nem eu, nem os nossos advogados sabíamos onde Mahmoud estava detido. Agora, ele está a mais de mil milhas de casa, ainda detido injustamente pela imigração dos EUA.”
A defesa de Khalil já entrou com um pedido judicial de contestação da sua prisão pelo ICE. “A prisão e detenção de Mahmoud Khalil é uma escalada dos esforços contínuos do governo dos EUA para sufocar os direitos de expressão e de associação de organizadores estudantis que procuram responsabilizar o país pela sua facilitação do genocídio que está sendo perpetrado contra o povo de Gaza e da Cisjordânia”, afirmou Amy Greer, uma das advogadas de Khalil.
Protestos exigindo a libertação do estudante estrangeiro Mahmoud Khalil, que organizou diversas marchas pró-Palestina no ano passado continuam a acontecer nos Estados Unidos. Khalil foi preso em 8 de março, e está atualmente detido em um centro de detenção do Immigration and Customs Enforcement (ICE).
O grupo de defesa dos direitos dos imigrantes Rede Nacional de Organização dos Trabalhadores Diários (NDLON, em inglês) classificou a detenção de Mahmoud Khalil como “um ataque aos nossos direitos fundamentais e uma perigosa ultrapassagem por parte do governo”. Além disso, Jorge Torres, um do diretores da NDLON, disse que a detenção de Khalil “é um ataque aos direitos dos imigrantes […]. É uma mensagem clara de que a administração Trump não vai parar por nada para silenciar aqueles que lutam pela justiça”.
O Partido para o Socialismo e Libertação dos EUA declarou que “ao forçar universidades a punir estudantes, o governo Trump procura injetar medo e silenciar uma onda de crescente de resistência” após a prisão de Khalil e expulsão de dezenas de jovens estudantes da Universidade de Columbia. “A história tem demonstrado que a repressão apenas alimenta os movimentos, e esta não será exceção. A luta pela liberdade palestina e pelo direito de protestar não será esmagada – apenas se tornará mais forte diante destes ataques.”
*Com People’s Dispatch