Após votação apertada durante sabatina na Comissão de Saúde (CSA) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputados distritais confirmaram, em sessão ordinária desta terça-feira (18), a indicação de Cleber Monteiro Fernandes para ocupar a presidência do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). O placar foi de 12 votos favoráveis, cinco contra e duas abstenções.
O debate foi marcado por críticas ao modelo do Iges-DF, no qual se destacam problemas estruturais e contratuais e falta de transparência na prestação de contas. Atualmente, o instituto é responsável por administrar três hospitais – Hospital de Base, Hospital de Santa Maria, Hospital Cidade do Sol – e 13 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
“Não resta dúvida de que o modelo não dá conta. Virou sinônimo de crise da saúde”, disse Gabriel Magno (PT-DF), reafirmando a posição tomada durante a sabatina realizada nesta segunda-feira (17). Na ocasião, o deputado lembrou que o Iges é alvo de processos judiciais, inclusive trabalhistas, e de auditorias de órgãos de controle que indicaram indícios de falta de transparência.
Além de Magno, Fábio Felix (Psol-DF) também votou contra a nomeação: “É contra o modelo, não a pessoa”, ponderou. É a oitava vez em seis anos de existência que acontecem trocas na presidência do instituto.
“O Iges já nasceu falido. Os atendimentos nas UPAs e nos hospitais de Base e de Santa Maria continuam precários. A ideia de facilitar compras e trazer mais eficiência não existe na prática”, afirmou Felix. “Nosso voto contra não diz respeito ao nome do senhor Cleber, mas a esse fracassado modelo de gestão da saúde feito pelo governador Ibaneis que só tem gerado caos, crises e muitas reclamações da população”, destacou.
Max Maciel (Psol-DF), Dayse Amarílio (PSB-DF) e Paula Belmonte (Cidadania-DF) também votaram contra.
Já a bancada governista defendeu a indicação do diretor do Iges-DF. “Tenho certeza de que o modelo vai dar uma alavancada”, apostou o deputado Wellington Luiz (MDB), que já havia defendido a capacidade de articulação política de Fernandes durante a sabatina na CSA, apesar do indicado não possuir vasta experiência na gestão em saúde.
Votaram a favor da indicação: Hermeto (MDB), Iolando (MDB), Jaqueline Silva (MDB), Joaquim Roriz (PL), Jorge Vianna (PSD), Martins Machado (Republicanos), Pastor Daniel de Castro (PP),Pepa (PP), Rogério Morro da Cruz (PRD), Wellington Luiz (MDB), Eduardo Pedrosa (União Brasil) e Daniel Donizet (MDB).
Os deputados distritais Chico Vigilante (PT) e Ricardo Vale (PT) se abstiveram da votação.
Até o momento, Fernandes ocupava a vice-presidência do Iges. A mudança acontece após o então presidente Juracy Cavalcante ter saído do instituto para assumir a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), no final de fevereiro.
De acordo com o currículo apresentado à CLDF, Cleber Fernandes é bacharel em Direito, pós-graduado em Segurança Pública e delegado aposentado da Polícia Civil do DF (PCDF), onde chegou a ocupar o cargo de diretor-geral. Fernandes também foi chefe de gabinete parlamentar na CLDF e ocupou os cargos de subsecretário de Mobiliários Urbanos e Apoio às Cidades, de subsecretário de Patrimônio Imobiliário da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Administração e de diretor-executivo do Fundo de Saúde na SES-DF.