“A comunicação do futuro é ancestral”. Essa é a frase que abre o site lançado nesta semana pela comunicadora comunitária, Gizele Martins. Gizele é jornalista e pesquisadora, cria da favela da Maré, na zona norte do Rio, com forte atuação na defesa do direito à vida nos territórios periféricos e na articulação de comunicação comunitária.
O site “amareense” disponibiliza na íntegra as publicações jornalísticas e acadêmicas da comunicadora, além de entrevistas e reportagens investigativas. A página foi criada com a intenção de resgatar materiais, construir uma memória e resistir aos ataques e censura sofridos por ela na última década.
A jornalista conta que sofreu forte perseguição nas redes sociais por conta da sua escolha por uma linha editorial combativa antirracista e antimilitarista. O seu blog de comunicação comunitária foi derrubado em inúmeras situações, a sua conta no facebook precisou ser recriada 8 vezes, e até o momento ela está banida da rede X (antigo twitter). “2025 marca os 10 anos que o exército esteve na Maré, e quando isso aconteceu, foi o auge de eu ter que sair de mídias comunitárias e das redes por conta da censura que sofri. É no marco de 10 anos dessa censura que eu crio o site”, relata ao Brasil de Fato.
Gizele é mestre em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (UERJ), doutoranda em Comunicação (ECO/UFRJ) e na ICNOVA Lisboa (Portugal). Ela integra a Frente de Mobilização da Maré e também a Coalizão de Mídias Periféricas, Faveladas, Quilombolas e Indígenas. Entre os prêmios e homenagens que celebram a sua atuação, se destaca o Prêmio Especial Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, de 2024.
A pesquisadora explica que, além da criação da página, busca o resgate de linguagens diferentes na comunicação como forma de resistência. É o caso do seu livro, “Militarização e censura – a luta por liberdade de expressão na Favela da Maré” (2019), que será transformado em texto teatral e documentário. “Se me silenciam de alguma forma, eu vou transformar essa escrita e essa luta em outras produções educacionais, artísticas, teatrais, cinematográficas. Então, pelo contrário, no lugar de silenciar, eu transformo isso em outras ferramentas”, afirma.
A página está disponível em www.amareense.com