O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (19) elevar a taxa básica de juros da economia nacional de 13,25% para 14,25% ao ano. O aumento coloca a chamada Selic no maior patamar desde 2016, ano em que a ex-presidenta Dilma Rousseff foi retirada da Presidência pelo Congresso Nacional.
A decisão se deu de forma unânime: todos os nove membros do comitê votaram pelo aumento. No comunicado publicado pelo BC, há a previsão de “ajuste de menor magnitude” na próxima reunião, que acontece entre 6 e 7 de maio.
O texto ainda indica que o ciclo total da política de alta dos juros – ciclo de aperto monetário, nas palavras do BC – tem duração incerta e depende da convergência da inflação à meta indicada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad; pela ministra do Planejamento, Simone Tebet; e pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo.
O comunicado do Copom também indica incertezas nos Estados Unidos por conta da conjuntura e da política econômica do país, “especialmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos”. “O Comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, segue o texto.
O aumento já era esperado por economistas. O próprio Copom adiantou que elevaria a taxa em 1 ponto em março numa reunião ainda em dezembro.
Naquela reunião, a Selic passou de 11,25% para 12,25% ao ano. Depois, subiu mais um 1 ponto percentual em janeiro e, agora, mais um 1 ponto em março.
Com as elevações, o Copom visa conter o aumento da inflação. Em 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 4,83%, superando o limite de até 4,5% fixado pelo próprio governo para o índice.
Nos 12 meses encerrados em fevereiro, o IPCA subiu ainda mais e acumula alta de 5,06%. Isso está ligado principalmente ao reajustes de tarifas de serviços públicos, de mensalidades escolares e também à alta dos alimentos.
O que é Selic?
A taxa Selic é referência para a economia nacional. É também o principal instrumento disponível para o BC controlar a inflação no país.
Quando a Selic cai, os juros cobrados de consumidores e empresas ficam menores. Há mais gente comprando e investindo. A economia cresce, criando empregos e favorecendo aumentos de salários. Os preços, por sua vez, tendem a aumentar por conta da demanda.
Já quando ela sobe, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. Isso desincentiva compras e investimentos, o que contém a inflação. Em compensação, o crescimento de toda a economia tende a ser prejudicado.
Sabendo disso, desde que assumiu o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende uma redução da Selic. Indicados por Lula para o BC, incluindo o presidente Gabriel Galípolo, têm contrariado visões do Planalto.