O preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha ou botijão, teve um acréscimo de R$ 5 na Paraíba. O reajuste começou a vigorar nessa terça-feira (18). Segundo Marcos Antônio Bezerra, presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás GLP da Paraíba (Sinregás-PB), os valores, agora, variam de R110 a R$ 120, dependendo da forma de pagamento.
Alguns fatores podem explicar o que levou ao aumento de preço do GLP. De acordo com o presidente do Sinregás-PB, as distribuidoras, aquelas que adquirem o gás para revender, compraram o gás mais caro, por meio de um leilão da Petrobras.
“O gás de leilão é bem mais caro. Tiveram que comprar se não o mercado ficaria desabastecido”, explica Marcos Antônio. Além disso, ele comenta que o valor do diesel, que influencia o valor do frete/entrega para o consumidor final, e o dissídio da categoria dos revendedores também são fatores que influíram no aumento do preço do GLP.
Entretanto, Eric Gil Dantas, economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), argumenta que “leilões pontuais” ou variação de preço do diesel “não podem ser justificativas para aumentar o preço do GLP”.
“As empresas de distribuição e revenda aumentaram exageradamente seus preços, aproveitando o período de caos nos preços que caracterizaram 2021 e 2022, quando a Petrobras (comandada pelo governo Bolsonaro) usava o Preço de Paridade de Importação (PPI) como política de preço”, argumenta o economista.
Ao calcular a margem de revenda na Paraíba, Dantas afirma que no período de dezembro de 2020 a janeiro de 2025, a margem subiu 59%. “A inflação desse período foi de 29,6%”, conclui.

O que influencia o preço
Segundo a Petrobras, na pesquisa Como se formam os preços: gás de cozinha, disponibilizada no seu site oficial, o preço médio do botijão de gás de 13 quilos no Brasil é R$ 107,28. Esse preço, referente a dados coletados no período de 9 de março a 15 de março de 2025, é constituído pela parcela da Petrobras (R$ 34,70), impostos federais (R$ 0,00); ICMS, um imposto arrecadado pelos estados (R$ 18,07); e distribuição e revenda (R$54,51).
Conforme explana Eric Gil Dantas, a distribuição é o setor responsável por comprar o GLP do produtor ou importador, para envasar, transportar o botijão e vender para o setor de revenda.
A pesquisa Como se formam os preços: gás de cozinha não traz dados referentes à Paraíba, apesar do gás de cozinha que chega no estado ser produzido pela Petrobras, conforme conta Marcos Antônio. O que pode explicar a ausência de dados nessa pesquisa, segundo ele, é que a Paraíba “não tem um terminal de abastecimento”, ou seja, não tem uma distribuidora que receba, em um porto, o gás de cozinha enviado pela Petrobras ou importado. Assim, a Petrobras não tem um ponto de venda no estado da Paraíba.
“A Nacional Gás fechou e mudou para Pernambuco”, comenta o presidente do Sinregás-PB, referindo-se ao Complexo Industrial Portuário de Suape, localizado em Pernambuco.
No Brasil, de acordo com Dantas, a Petrobras é responsável por 89% da oferta nacional. Já a Refinaria de Mataripe, privatizada em 2021, corresponde a 5%. Além delas, existe o GLP produzido por “importadores privados e por refinarias menores”.
Já sobre a distribuição, na Paraíba, segundo Marcos Antônio, os revendedores compram das seguintes distribuidoras: Nacional Gás, Copa Energia, Liquigás (privatizada em 2020, vendida para o consórcio Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás), Ultragaz e Supergasbras. Todas essas empresas são privadas.
“No Nordeste, quatro empresas acumulam 99% do mercado: a Nacional Gás (35%), a Copa Energia (26%), a Bahiana Distribuidora (24%) e a Supergasbras (14%). Por sua vez, a revenda é composta por muitas empresas, que é quem vende o produto para o consumidor final”, elucida Dantas.
Em artigo publicado em fevereiro de 2025, o economista afirma que “é urgente que a Petrobras volte à distribuição”.
Consumidor final
De acordo com uma pesquisa realizada pela Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor da Paraíba (Procon-PB), no dia 16 de janeiro de 2025, sobre os preços de gás de cozinha em João Pessoa, o menor preço encontrado na capital foi de R$ 100 e o maior foi de R$ 115, referente ao pagamento à vista, incluindo o frete.
Já no pagamento à prazo (cartão de crédito) e com entrega, o valor mais baixo foi R$ 105 e o maior R$ 122. Esses dados foram obtidos com 35 estabelecimentos de revenda da capital e referem-se a uma coleta feita antes do anúncio do aumento do gás de cozinha.
Leia a pesquisa na íntegra aqui.
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