O congresso argentino deu ao presidente Javier Milei, na quarta-feira (19), autorização para fechar um novo acordo de empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), além dos US$ 44 bilhões que Buenos Aires já deve ao credor. O valor ainda não foi divulgado.
No dia 11 de março, Milei pediu a aprovação de um novo empréstimo de 10 anos para aumentar as reservas de moeda estrangeira do Banco Central e cobrir os pagamentos iminentes da dívida. De acordo com uma lei de 2021, o presidente da Argentina deve buscar autorização de ambas as câmaras do legislativo para assinar acordos com o FMI, mas só precisa do apoio de uma delas para poder prosseguir.
Com 129 votos a favor, 108 contra e seis abstenções na Câmara dos Deputados, a câmara baixa do congresso, Milei agora tem liberdade para finalizar o acordo.
A votação ocorreu enquanto milhares de manifestantes se reuniam perto do Congresso para protestar contra os cortes de Milei e suas negociações com o FMI. Na última semana, o protesto dos aposentados foi duramente reprimido pela polícia argentina.
Em entrevista ao jornal Página 12, o deputado do União Pela Pátria, Aldo Leiva, questionou a legitimidade da sessão na Câmara dos Deputados que aprovou o decreto para o endividamento.
“É uma verdadeira fraude”, disse o legislador e veterano das Malvinas. “Acho que é a maior da história institucional de nosso país”. Leiva disse que “houve acordos” de compra de votos e que esses seriam a razão pela qual os deputados “dizem uma coisa e acabam votando outra”.
“Os envelopes são a ordem do dia, não tenho dúvidas sobre a compra de vontades. Nunca saberemos quais foram as negociações obscuras que ocorreram, mas não tenho dúvidas de que isso se deve ao fato de que eles não estão interessados no país”, disse o parlamentar.
*Com Página 12 e AFP