Auxiliares de serviço da educação básica (ASB) de Minas Gerais paralisam suas atividades nesta sexta-feira (21). As trabalhadoras, essenciais para o funcionamento das escolas públicas, recebem menos que um salário mínimo.
Além do reajuste salarial, a categoria cobra do governo estadual, sob gestão de Romeu Zema (Novo), reconhecimento dos direitos previdenciários e pagamento do adicional de insalubridade.
Atualmente, existem no estado profissionais com o vencimento básico de R$ 1.466,58. Desde fevereiro deste ano, o salário mínimo é de R$ 1.518.
No ambiente de trabalho, ASBs, majoritariamente mulheres, são responsáveis pelas ações de cuidado e manutenção do espaço escolar. As atividades, muitas vezes invisibilizadas, compreendem, por exemplo, a alimentação dos estudantes e a limpeza do ambiente.
A coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE-MG), Denise Romano, explica que a desvalorização salarial impacta nas condições de dignidade das profissionais.
“Receber menos que o salário mínimo significa ter menos comida na mesa e mais dificuldades. Significa que nem o mínimo conseguimos garantir nas nossas casas, como alimentação, conta de água, conta de luz, botijão de gás, etc”, chama a atenção.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicam que, na capital mineira, em fevereiro, o preço da cesta básica era aproximadamente R$ 726, o equivalente a cerca de 50% do vencimento básico de uma ASB. Ou seja, apenas para comprar itens básicos de alimentação, as trabalhadoras comprometem metade do seu salário.
“É um descaso e uma vergonha o que está acontecendo em Minas com a escola pública, com a população e com as mais de 30 mil ASBs, em sua maioria mulheres, negras, que chefiam as famílias”, critica Denise.
O Brasil de Fato MG perguntou ao governo de Minas Gerais por que o Executivo não reajusta o vencimento básico das trabalhadoras e abriu espaço para a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) comentar sobre as denúncias. Não obtivemos respostas até a publicação desta matéria.
Zema recebe 28 vezes mais
Em contraponto, Romeu Zema iniciou 2025 com o segundo maior salário entre os governadores do país. Isso porque, em 2023, ele conseguiu aprovar um reajuste de quase 300% em seu próprio vencimento e nos de seu secretariado.
O político do partido Novo recebe atualmente R$ 41,8 mil mensais, aproximadamente 28 vezes mais que uma ASB.
“O governo tirou nossos sonhos. O Zema nos vê somente como serviçais, que só trabalham, não precisam de salário, não precisam de lazer, não precisam de nada, apenas de trabalhar”, disse Emília Gorethe Ferreira, ASB de uma escola de Belo Horizonte, ao Brasil de Fato MG.
Tentativa de intimidação
Na manhã desta quinta-feira (20), o SindUTE/MG denunciou que o governo estadual anunciou que irá cortar o ponto das trabalhadoras que paralisarem as atividades. O sindicato avaliou a movimentação como uma tentativa de intimidação “para que elas não lutem por melhores condições de trabalho”.
A entidade reforça que as profissionais têm o direito de participar da mobilização.
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Está programado para a sexta-feira (21) a realização de um ato público, com concentração às 8h, na praça Raul Soares, no Centro de Belo Horizonte. Logo em seguida, às 10h, haverá uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) sobre a situação das ASB. Mais tarde, às 14h30, a categoria se reúne em plenária.