O padre André Luiz Teixeira de Lima tem sofrido perseguição de católicos extremistas em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Um grupo de fiéis e moradores chegou a impedir o sacerdote de celebrar uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Monteiro no último domingo (16). Uma faixa pedindo seu afastamento da paróquia foi erguida na frente da igreja.
A campanha do grupo extremista também ocorre nas redes sociais com acusações falsas e perfis fakes. André é chamado de “macumbeiro” pela sua atuação ligada a movimentos sociais e ao diálogo inter-religioso. O caso repercutiu entre parlamentares do Rio, que foram às redes sociais manifestar indignação e prestar solidariedade.
A deputada estadual Dani Monteiro (Psol) defendeu o trabalho que o pároco realiza há quase 15 anos nas comunidades católicas da zona oeste. A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) afirmou que por pouco André Luiz não sofreu uma agressão física no ataque.
Na terça-feira (18), a comissão prestou atendimento ao líder religioso. “Desde então, o padre se encontra afastado de suas funções, temendo por sua segurança, já que a campanha para difamar sua imagem segue em andamento”, relatou Monteiro. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) investiga o caso.
Marina do MST (PT) também saiu em defesa do padre e da organização popular em torno das comunidades eclesiais de base. A deputada estadual prestou solidariedade e afirmou que André Luiz é um exemplo de liderança religiosa comprometida com as causas do povo.
“As comunidades eclesiais de base, que são a força viva da Igreja nas periferias, têm um papel fundamental nessa luta. Elas são a prova de que a Fé não se separa da Vida, que o Evangelho é um chamado à transformação social e à defesa dos oprimidos”, escreveu.
Diálogo inter-religioso
A deputada estadual Zeidan (PT) pontuou que não se pode aceitar atos de intolerância religiosa. “O respeito, o ecumenismo e o diálogo entre as religiões são fundamentais para um mundo mais justo e igualitário. Seguiremos atentos a esses casos e reforçando a defesa da liberdade religiosa!”, publicou.
Reimont (PT) disse ter ficado estarrecido com a violência contra o padre André Luiz, por ele ser reconhecido como “exemplo de fé, compromisso e tolerância”. O deputado federal, que já foi sacerdote no Rio, fez questão de explicar que a interação entre as religiões é valorizada no catolicismo há 60 anos, “desde a Encíclica ‘Ecclesiam suam’ (6 de agosto de 1964), do Papa Paulo VI”.
“Em tempos de Quaresma, quando este diálogo fraterno e o amor ao próximo são requisitos ainda mais fundamentais para o verdadeiro cristão e a verdadeira cristã, repudio todas as formas de violência contra o Padre André Luiz, a todas as pessoas e aos ensinamentos da nossa Igreja”, finalizou.
Campanha de ódio
Para o deputado federal Herique Vieira (Psol), o compromisso do padre com questões sociais incomoda uma ala da Igreja alinhada à extrema direita.
“Sabemos bem de onde vem tanto ódio! Padre André defende uma igreja comprometida com o povo, com o diálogo inter-religioso e com o respeito à diversidade. Ele também apoia 16 comunidades eclesiais de base, fortalecendo a organização popular. Sua atuação incomoda quem não tolera a transformação social”, afirmou Vieira.
Na mesma linha, o Movimento Inter-religioso da Zona Oeste (MIR-ZO) manifestou solidariedade e afirmou que a “campanha de ódio” ocorre pela luta do sacerdote em prol dos direitos e da liberdade.
“Relembramos que a atuação em favor do ecumenismo e do diálogo inter-religioso é frequentemente destacada pelo Papa Francisco e que o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, é um conhecido apoiador da caminhada inter-religiosa de Copacabana”, disse o texto.