O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) planeja instalar fábricas de fertilizantes orgânicos no Rio Grande do Sul em parceria com a China. A iniciativa tem objetivo de impulsionar a agroecologia por meio da produção de insumos a baixo custo e com tecnologia inovadora.
Em discurso na 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, nesta quinta-feira (20), o líder do MST, João Pedro Stedile, afirmou que a possibilidade começou a ser avaliada a partir de uma visita de membros do movimento ao país asiático
Na ocasião, segundo ele, o governo chinês demonstrou “vontade política” para realizar a transferência de tecnologia e capacitar organizações populares para operacionalizar, administrar e gerenciar a estrutura.
Stedile ressaltou que a ideia é ampliar cada vez mais essa possibilidade. Mas, para isso, é preciso vencer o obstáculo da falta de recursos. “Nós queremos implementar dezenas dessas fábricas. Onde é que está o limite? No financiamento.”
A primeira unidade fabril será construída no município de Nova Santa Rita (RS), para atender à cadeia produtiva de arroz agroecológico. A expectativa é de que o Banco do Brasil financie o empreendimento.
Superação de gargalos
Stedile afirmou que a instalação da fábrica de fertilizantes orgânicos é um passo a mais na superação de diversos obstáculos para a ampliação da agroecologia, a efetivação da reforma agrária e, consequentemente, a preservação dos biomas brasileiros e a segurança alimentar da população.
Ele também apontou a necessidade urgente de criação de um programa de produção de sementes, para que as famílias agricultoras não dependam mais das compras externas e das grandes indústrias, em sua maioria ligadas ao agronegócio. O líder do MST mencionou, inclusive, um projeto de cooperativa para esse fim
Outro ponto crucial para o movimento é a modernização da produção por meio de máquinas agrícolas que proporcionem tecnologia e sustentabilidade a preços acessíveis. Stedile mencionou a possibilidade concreta de instalar fábricas de equipamentos chineses no Brasil
“Nós vamos trazer duas fábricas de colheitadeira aqui pro Brasil do tamanho de uma Kombi, com preço de R$ 30 mil. Por que é tão barato? Porque não visa lucro”, ressaltou ele no discurso.
De maneira estratégica, as estruturas serão instaladas próximas a assentamentos da agricultura familiar, seguindo o modelo chinês de produção distribuída. Uma forma de diversificar e ampliar a oferta de trabalho nas áreas rurais, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento local.
Todas essas possibilidades de avanço, segundo o líder do MST, precisam contar com apoio governamental e um poder público menos burocratizado. Nas palavras dele, é necessário pressão popular para garantir que o governo Lula mantenha o compromisso com questões sociais e que garantam o desenvolvimento do povo brasileiro.
“O Brasil tem dinheiro, o tesouro tem dinheiro. O que falta é pressionarmos para cumprir o que o Lula se comprometeu, que o pobre brasileiro seja colocado no orçamento. Essa é a nossa missão.”