“Defender a água é defender a vida”, ecoam vozes no centro de Salvador (BA) na tarde desta sexta-feira (21). Ocupando as ruas da capital baiana no 25º Grito da Água, trabalhadores, estudantes, movimentos populares e grupos culturais lutam pelos investimentos públicos em saneamento básico, pela oferta de água tratada para todos, contra o uso de agrotóxicos e contra a privatização dos serviços. O ato, organizado por entidades sindicais, compõe as mobilizações pelo Dia Mundial da Água, celebrado no próximo sábado (22).
“Nós estamos sendo violentamente atacados nos nossos mananciais, nas nossas riquezas, nossa soberania, em especial a água. A água tem trazido o interesse das grandes multinacionais e nós, do Sindae, historicamente defendemos a água como um direito à vida, como um direito da humanidade, como base primordial das relações, entendendo também a importância da água para as religiões, para a reprodução que acontece em todo o planeta” destaca Nadilene Nascimento, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado da Bahia (Sindae).
Leninha Valente, presidenta da Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA), também salienta que a mercantilização da água tem contribuído para ampliar as desigualdades sociais.
“Ao longo da história, nós temos sofrido porque a água passa a ser uma mercadoria, uma mercadoria que chega para alguns em detrimento dos demais. E a nossa luta é pela universalização da água, do saneamento, de que esse serviço que possa chegar para toda pessoa”, aponta.

Privatização não
Com o tema “Parceria público-privada é privatização disfarçada”, a marcha também alertou a população para os riscos da privatização da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), considerada um dos maiores patrimônios públicos do estado. Para o Sindae, a crescente interferência de setores privados na empresa, como, por exemplo, na busca por ampliar as Parcerias Público-Privadas (PPPs), enfraquece o papel da Embasa e precariza o serviço.
“Todo lugar que a iniciativa privada coloca a mão na água, traz ali um desequilíbrio econômico e social muito forte. A água é do povo é não pode ser negociada, não pode ser vendida. O maior exemplo que vemos hoje é o Rio de Janeiro, que está com um serviço péssimo; é São Paulo, que já começou a colapsar. Todo lugar onde a privatização chegou, trouxe precarização, tanto para os trabalhadores quanto para a população”, alerta Fernando Biron, diretor do Sindae.
Povo em luta

O ato também reuniu grupos culturais e religiosos, como afoxés, bandas de percussão, capoeira e fanfarra. Com muita música e dança, o recado foi dado: o povo está nas ruas para defender os seus direitos. Mãe Estelita de Oyá, coordenadora do Afoxé Ilê de Oyá, é uma das presenças carimbadas no Grito da Água. Em poucas palavras, ela resume os motivos que a levam a estar sempre em luta.
“São 25 anos que eu participo dessa caminhada da água, com todo o orgulho do mundo. Porque se nós não formos para a luta, a água privatiza. E se privatizar, nós perdemos o bem para todos.”