Organizações, sindicatos e movimentos sociais populares organizam um ato político para marcar os 10 anos do busto em homenagem ao ex-deputado federal Rubens Paiva no Rio de Janeiro. A manifestação intitulada “Ocupa Rubens Paiva: Tortura Nunca Mais” acontece na próxima quinta-feira (27), na praça Lamartine Babo, em frente ao quartel que abrigou o Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na Tijuca, zona norte.
Além de reafirmar a luta por memória, verdade e justiça, o ato vai cobrar agilidade do poder público no processo para transformar o local em Museu da Memória, dedicado às vítimas da ditadura civil-militar. Na ocasião, também será entregue uma moção de louvor à família Paiva pelas deputadas estaduais Dani Balbi (PCdoB), Verônica Lima (PT) e Marina do MST (PT).
Homenagem
Há dez anos, o monumento de Rubens Paiva se concretizou na praça em frente a antiga sede do DOI-Codi por meio de uma parceria da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ). O local passou a receber visita de turistas, homenagens e até bloco de carnaval após o sucesso internacional do filme Ainda Estou Aqui, ganhador do Oscar.
Outro busto do engenheiro civil e ex-deputado está localizado na estação do metrô que leva o seu nome, na Pavuna, também na zona norte. O presidente do Senge-RJ, Olímpio Alves dos Santos, declarou ao Brasil de Fato que a iniciativa foi para que a memória não seja esquecida. A luta contra os regimes de exceção continua atualmente, ele enfatiza.
“Nós colocamos o busco de Rubens Paiva para que a memória não se apague. O que aconteceu no passado ainda não foi enterrado, nós tivemos muito próximo de outro golpe. É fundamental nossa participação em defesa da memória e da nossa democracia”, defendeu dos Santos.
DOI-Codi
Em 1971, Rubens Paiva foi levado pelo regime militar para o 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionava o DOi-Codi, torturado, morto e desaparecido. O filme de Walter Salles conta a história de como a família Paiva enfrentou o desaparecimento do engenheiro civil e político brasileiro do ponto de vista de quem ficou, sobretudo da esposa Eunice Paiva.
O DOI-Codi foi o principal centro de prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento forçado do regime militar instalado no Rio. Segundo relatório da Comissão Estadual da Verdade, o prédio serviu de aparato da ditadura civil-militar implantado pelo golpe de 1964. Funcionou entre os anos de 1970 e 1979, dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército.
Do total de presos políticos que passaram pelas dependências do DOI-Codi no Rio, ao menos 53 foram mortos, dentre os quais 33 permanecem desaparecidos.
Serviço
Ato Ocupa Rubens Paiva
Data: 27 de março, às 15h
Local: Praça Lamartine Babo, Tijuca (em frente ao antigo DOI-Codi)
Confira a programação
15h – Banquinhas de partidos, movimentos sociais e organizações
Exibição de vídeos e apresentação cultural
16h – Painel Violência de Estado nas Favelas
17h – Abertura com Senge e Fisenge.
17h20 – Entrega de Moção à família Rubens Paiva
17h30 – Ato político
18h30 – Encerramento com baterias das juventudes
Exibição do histórico discurso de Rubens Paiva na Central do Brasil