A Suprema Corte de Israel suspendeu nesta sexta-feira (21) a decisão do governo de destituir o chefe do serviço secreto do país, o Shin Bet, Ronen Bar, do cargo para que possa analisar os recursos contra sua demissão. Esta é a primeira vez na história de Israel que o chefe de sua agência nacional de inteligência é destituído.
A oposição afirma que Bar foi alvo de Netanyahu depois que o chefe do Shin Bet criticou o governo pela falha de segurança que permitiu ao Hamas atacar Israel em 7 de outubro de 2023. Também menciona uma investigação do Shin Bet sobre o caso “Catargate”, que envolveu pessoas próximas ao líder em supostos pagamentos secretos do Catar.
A decisão do tribunal foi tomada depois que partidos de oposição e uma ONG entraram com recursos separados, horas depois de o governo anunciar sua decisão de demitir o chefe do serviço de inteligência e segurança interna.
O partido de centro-direita Yesh Atid, do líder da oposição Yair Lapid, disse que recorreu da destituição de Bar à Suprema Corte em nome de vários partidos da oposição e denunciou uma “decisão tomada com base em um flagrante conflito de interesses do primeiro-ministro”. Já o Movimento por um Governo de Qualidade também recorreu do que chamou de “decisão ilegal” que representa “um risco real à segurança nacional”.
Genocídio vai piorar
O ministro da Defesa, Israel Katz, ameaçou nesta sexta-feira (21) anexar partes da Faixa de Gaza se o movimento Hamas não libertar o restante dos prisioneiros israelenses mantidos em cativeiro no território palestino, devastado pela guerra. A ameaça ocorre três dias depois de Israel retomar os bombardeios maciços contra Gaza, rompendo com a relativa calma que reinava no território palestino desde a trégua de 19 de janeiro.
Quase 600 palestinos já foram mortos desde segunda-feira por Israel, entre elas 190 menores. Este balanço é um dos mais altos desde que começou o genocídio em 7 de outubro de 2023.
“Ordenei ao exército que tome mais territórios em Gaza […]. Quanto mais o Hamas se negar a libertar os reféns, mais território vai perder, que será anexado por Israel”, disse Katz em um comunicado. O ministro israelense também ameaçou “ampliar zonas tampão ao retor de Gaza para proteger as áreas de população civil” mediante uma “ocupação israelense permanente” destas áreas.
Moradores de Gaza fugiam de suas casas nesta sexta-feira por rodovias repletas de escombros, segundo imagens da agência AFP. As novas operações militares em larga escala, coordenadas com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, provocaram a condenação generalizada da comunidade internacional.
“Intensificaremos a luta com bombardeios aéreos, navais e terrestres, assim como ampliando a operação terrestre até que os reféns sejam libertados e o Hamas, derrotado”, prometeu Katz.
Ele disse, ainda, que serão usados “todos os meios de pressão, tanto militares quanto civis, inclusive a evacuação da população de Gaza para o sul e a implementação do plano de deslocamento voluntário do presidente americano, [Donald] Trump”.
O chefe da Casa Branca propôs, no começo de fevereiro, deslocar os 2,4 milhões de habitantes de Gaza para a Jordânia e o Egito, e transformar este território em ruínas em um destino turístico de luxo, como “uma Riviera do Oriente Médio”.
O presidente russo, Vladimir Putin, expressou “preocupação” pela “retomada” dos ataques israelenses em Gaza e se disse disposto a ajudar a “desescalar” a situação. O presidente israelense, Isaac Herzog, também manifestou inquietação, ao considerar “impensável retomar os combates enquanto ainda” se tenta trazer os prisioneiros para casa.
Milhares de manifestantes foram às ruas de Jerusalém nos últimos dias, acusando o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de retomar as operações militares sem levar em conta a segurança dos prisioneiros. Dos 251 prisioneiros israelenses, 58 seguem em cativeiro em Gaza, dos quais o exército declarou mortos 34.