O maior aeroporto da Europa, o Heathrow, em Londres, foi forçado a fechar o dia todo nesta sexta-feira (21) por uma queda de energia após incêndio, interrompendo o tráfego aéreo mundial. A operadora Heathrow Airport Holdings anunciou que “para garantir a segurança, o aeroporto permanecerá fechado até 23h59 locais [20h59 do horário de Brasília] do dia 21 de março”. O grupo acrescentou que “graves interrupções [no tráfego] são esperadas nos próximos dias”.
O Heathrow conecta 80 países e opera 1.300 decolagens e pousos diariamente, fazendo com que 230 mil passageiros passem por seus terminais todos os dias. A queda de energia foi causada por um grande incêndio que começou às 23h23 locais de quinta-feira (20) na subestação elétrica de Hayes, subúrbio do oeste de Londres, que fornece energia para o aeroporto, disseram os bombeiros.
O incêndio afetou “um transformador que continha 25 mil litros de óleo de resfriamento”, que pegou fogo e causou “um risco significativo devido à presença de equipamentos de alta tensão”, explicou Jonathan Smith, porta-voz do Corpo de Bombeiros. O órgão anunciou, por volta das 8h00 desta sexta [horário local], que “conseguiu controlar o fogo e evitar que se propagasse”.
O diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), o irlandês Willie Walsh, criticou a falta de planejamento do aeroporto. “Como uma infraestrutura de importância nacional e global pode ser completamente dependente de uma única fonte de energia sem alternativa? Esta é uma falha clara de planejamento por parte do aeroporto”, disse Walsh na rede X (antigo Twitter).
A unidade antiterrorismo da polícia de Londres ficará responsável por investigar o incêndio. “Estamos trabalhando com o Corpo de Bombeiros de Londres para determinar a causa do incêndio, que continua sob investigação. Embora não haja atualmente nenhum indício de crime, continuamos abertos” a qualquer possibilidade, anunciou a Polícia Metropolitana em um comunicado.
Voos desviados
Cerca de 120 voos para o aeroporto estavam no ar quando o fechamento foi anunciado. Dois voos da Qantas com destino ao aeroporto de Londres, que saíram de Perth, na Austrália, e de Singapura, tiveram que ser desviados para o Charles de Gaulle, em Paris, segundo a companhia aérea australiana. Sete voos da United Airlines tiveram que retornar ao aeroporto de origem ou ser direcionados para outros destinos, segundo a companhia americana.
Um porta-voz da Aena, operadora aeroportuária espanhola, informou que 54 voos estavam programados para esta sexta, principalmente de Madri e Barcelona, com destino ou origem em Heathrow. O Aeroporto Gatwick, ao sul de Londres, anunciou que estava começando a receber voos que deveriam pousar em Heathrow.
Outros aeroportos, como Shannon, na Irlanda, e Frankfurt, na Alemanha, anunciaram que também estavam recebendo voos cujo destino era Heathrow.
O custo do fechamento do Heathrow para o aeroporto e as companhias aéreas “provavelmente excederá as 50 milhões de libras [cerca de R$ 368 milhões]”, disse o consultor de aviação Philip Butterworth-Hayes à agência de notícias AFP.
O ministro britânico da Energia, Ed Miliband, disse que o governo fará o possível para restaurar a energia em Heathrow. O apagão deixou 100 mil casas sem energia durante a noite, explicou Miliband. Às 6h00 desta sexta-feira [horário local], 4.900 casas continuavam sem energia, segundo um porta-voz do operador da rede elétrica National Grid.
Construído em 1946, o Heathrow, 25 km a oeste de Londres, é o maior dos cinco aeroportos que atendem a capital britânica. Quase 84 milhões de passageiros passaram pelo aeroporto em 2024, um terço deles vindo da vizinha União Europeia. Esses números fazem dele o mais movimentado da Europa, à frente dos aeroportos de Paris, de Schiphol, em Amsterdã e de Barajas, em Madri.
Mundialmente, o Heathrow foi o segundo aeroporto internacional mais movimentado depois de Dubai no ano passado, segundo a empresa de dados de viagens OAG.
*Com AFP e The Guardian