Dezenas de trabalhadores foram encontrados em situação análoga à escravidão no município de Pedreira, que fica na região metropolitana de Campinas, interior do estado de São Paulo. O grupo era composto por 35 homens da etnia indígena Amambaí, do Mato Grosso do Sul. Eles atuavam na captura de aves em propriedades rurais da região e foram recrutados por uma empresa que presta serviço para um grande frigorífico paulista.
O resgate foi feito por uma força tarefa em ação deflagrada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Federal (PF).
De acordo com informações do MPT, os trabalhadores atuavam em diferentes sítios, sem acesso a instalações sanitárias adequadas ou áreas de descanso. As refeições eram feitas no chão e consistiam basicamente de arroz. A água consumida era a mesma utilizada pelas aves.
No alojamento – uma residência com apenas três quartos – parte do grupo dormia ao relento, em varandas em uma garagem. Os 35 homens dividiam um chuveiro e dois sanitários. O local estava infestado de baratas e percevejos, tinha paredes mofadas e muita sujeira.
Os trabalhadores chegaram à região há cerca de duas semanas e iniciaram as atividades de maneira informal, sem o devido registro em carteira profissional e sem a realização de exames médicos admissionais. Além disso, não receberam equipamentos de proteção individual.
Não foram fornecidas roupas de cama ou toalhas, e não havia instalações para lavagem de roupas. Uma testemunha da vizinhança relatou que os trabalhadores vestiam as mesmas roupas desde que chegaram
Os auditores fiscais do Ministério do Trabalho formalizaram o resgate dos 35 indígenas, determinando o registro retroativo dos contratos de trabalho e o pagamento das verbas rescisórias devidas. Os trabalhadores resgatados têm direito ao seguro-desemprego.
Ainda de acordo com as informações do MPT, enquanto aguardam o retorno para sua região de origem, parte dos trabalhadores resgatados está hospedada em hoteis com todas as despesas custeadas pelo empregador.
Uma outra parte permanece no alojamento, com alimentação providenciada pela empresa. As passagens de volta para a aldeia, bem como os gastos com alimentação durante a viagem, também serão integralmente custeados pelo empregador. O Ministério Público investigará ainda a suspeita de tráfico de pessoas no caso.