No próximo dia 1º de abril, às 18 horas, o Cordão da Mentira vai realizar o seu 12º desfile e escracho, marcando os 61 anos do golpe de 1964 e denunciando os genocídios indígena, palestino e da população preta e periférica. Neste ano, o tema da ação será Desfile Para Adiar o Fim do Mundo, lembrando o livro de Ailton Krenak.
“O Cordão da Mentira é um bloco carnavalesco de intervenção estética que, com humor e criatividade, versa e canta sobre temas cruciais para uma real transformação da sociedade brasileira. Movimento independente, formado por musicistas, compositoras e compositores, movimentos de sambistas, grupos de teatro, coletivos culturais e artísticos, movimentos sociais e militantes. O Cordão conta, também, com a presença de indígenas, mães de vítimas da violência de Estado e sobreviventes dos massacres que acontecem há mais de 500 anos neste território”, descreve a convocatória do ato.
Desde 2012, o grupo realiza o Cordão da Mentira denunciando a opressão contra as classes populares no Brasil e relembrando os crimes de Estado do passado e do presente: torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados. “Uma realidade que não se transformou substancialmente, quase quatro décadas após o fim da ditadura”, destacam.
Influenciadas pelas ideias de Ailton Krenak, as canções dos sambistas do Cordão da Mentira serão cantadas para adiar o fim do mundo. “É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? Nós acreditamos que não. E é criando nas ruas que participamos da invenção de outra sociedade”, diz Thiago B. Mendonça, um dos organizadores do desfile.
Dentre os convidados com presença confirmada no desfile deste ano, estão nomes importantes do samba de São Paulo, como Roberta Oliveira, Renato Martins e Selito SD, representantes de movimentos populares e sociais, mães de vítimas da violência do Estado de todo o Brasil, ex-presos políticos, sobreviventes do cárcere, além de grupos e artistas importantes do teatro, dança, performance, artes visuais, fotógradia e cineastas.
“O complexo cenário atual ainda desafia a capacidade reflexiva, nos colocando novos desafios políticos e estéticos. Em 2025, o Cordão, que desde o primeiro ano provoca inquietações e sentimentos suscitados por intensos debates, materializa ideias para além do desfile e escracho.” Nos dias antes do evento serão realizados seminários que “apontam as mentiras da ordem”. “É a partir de inquietações comuns sobre um processo de transição inacabada em relação à ditadura que ativistas, artistas, representantes de diferentes formas de militância e orientação política se reúnem com a coragem de dizer a verdade”, defende o grupo.
Confira a programação:
Sábado (29/3)
Al Janiah
11h Luta Palestina: ato pelo Dia da Terra
Concentração na Praça Osvaldo Cruz, caminhada até a Praça Estado da Palestina, onde
haverá plantio de oliveiras, instalação artística e performance
14h Ensaio da Comissão de Frente do Cordão da Mentira
17h Mesa – Como a arte responde ao fascismo?
Carolina Nóbrega, artista e pesquisadora das artes da cena e do corpo.
Marina da Silva, artista plástica. Integrante do Coringão Antifa
Renato Martins, músico e compositor. Terreiro Grande e Cordão da Mentira
Thiago B. Mendonça, cineasta – Cordão da Mentira e Confluências de Educação Popular
Thiago Vasconcellos, diretor teatral da Cia. Atropofágica e MST
Mediação: Keila Martins – Núcleo Leila Khaled
19h Mesa – Guerra às drogas. Guerra a quem?
Daniel Mello. A Craco resiste
Danylo Amílcar. Os 9 que perdemos. Confluências
José Claudio Souza Alves, sociólogo autor dos livros: “Desaparecimentos forçados: Vidas interrompidas na Baixada Fluminense” e “Dos
barões ao extermínio: uma história da violência na Baixada Fluminense”
Juliana Siegmann, BDS América Latina e Frente Palestina
Maurício Monteiro, sobrevivente do Massacre do Carandiru – Frente dos Sobreviventes do Cárcere
Nathália Oliveira, Iniciativa Negra
Mediação: Gabriel da Silva – Núcleo Leila Khaled
21h30 Festa do Cordão da Mentira
Roda de Samba do Cordão da Mentira
Apresentação dos sambas do Desfile de 2025
Abertura de exposição de obras de Marina da Silva e fotos de Sato do Brasil
Lançamento da Universidade dos Povos Livres Leila Khaled /Confluências
Domingo (30/3)
Al Janiah
15h Oficina de cartazes e materiais de intervenção artística para o Cordão 2025 com Marina da Silva
17h Sessão de Cinema em repúdio ao Genocídio na Palestina – Filmes do cineasta Carlos Adriano e debate com a presença do diretor
Apresentação dos Filmes:
“O que há em ti” (2020, 17’)
“O Materialismo Histórico da Flecha contra o Relógio” (2023, 26’)
“Os Mortos Resistirão para Sempre” (2024, 24’)
Organização Cineclube Al Ardd e Núcleo Leila Khaled de Cinema e Teatro
19h Mesa – Ideias para adiar o fim do mundo: desafios contemporâneos para as lutas dos movimentos sociais
Edson Luiz. Rapper, integrante do MTST
Luciano Carvalho, Direção Estadual e Coletivo de Cultura do MST
Juma Pariri, integrante da Organização dos Povos Indígenas da Serra do Catolé/CE, artivista cênica, realizadora de outros audiovisuais possíveis, produtora cultural anti-colonial.
Priscila Santos, coordenação Estadual do MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e da Ocupação Jean-Jacques Dessalines dos Imigrantes
Nivia Raposo, Rede de Mães da Baixada Fluminense
Rawa Alsagheer, cineasta e coordenadora da Samidoun de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos
Mediação Osvaldo Pinheiro – Cia Estável e Núcleo Leila Khaled
Segunda (31/3)
Al Janiah
18h Mesa – Desaparecimentos forçados: a história se repete
Aline Leite. Filha da Vera Flores, fundadora das Mães de Acari
José Claudio Souza Alves. Sociólogo. Autor dos livros “Dos barões ao extermínio: uma história da violência na Baixada Fluminense” e “Desaparecimento forçado: Vidas interrompidas na Baixada Fluminense”.
Rute Fiuza. Movimento Mães de Maio Nordeste
Vivian Mendes. Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e presidente estadual da UP
Mediação: Rô Vicente – Núcleo Leila Khaled
20h Mesa – Genocidas, fascistas, fardados: serão mesmo anistiados?
Casé Angatu. Professor, liderança indígena e morador da Aldeia Gwarini Taba Atã – Território Tupinambá de Olivença
Débora Maria.Pesquisadora e Coordenadora Movimento Mães de Maio
Miriam Duarte. Amparar. Associação de Amigos e Familiares de Presos
Regina Lúcia dos Santos. MNU. Movimento Negro Unificado
Soraya Misleh. coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino em São Paulo, autora do livro “Al Nakba – um estudo sobre a catástrofe palestina”
Zilda Maria. Integrante das Mães de Osasco
Mediação: Flávia Duarte – Núcleo Leila Khaled
Apresentação musical de Roberta Oliveira
Homenagem às Mães de Acari; Vera Lucia Gonzaga e Francilene Gomes (Mães de Maio); Alípio Freire; Gleison Barbosa e Valdir do Nascimento de Jesus (MST).
Terça (1º de abril)
12º Desfile do Cordão da Mentira
Concentração às 18 horas no Pateo do Collegio.