O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Pepe Vargas, entregou hoje (24) à Associação das Vítimas da Covid-19 (Avico-Brasil) e à Associação Vida e Justiça a medalha da 56ª Legislatura. A homenagem reconhece a atuação dessas entidades no apoio às vítimas e seus familiares. É o primeiro dia Estadual em Homenagem às Vítimas da Covid-19.
A data da cerimônia foi escolhida porque foi na noite de 24 de março de 2020 que Porto Alegre notificou a primeira morte por covid-19 no Rio Grande do Sul. Nestes quatro anos, o total de vítimas da doença no estado chegou a 43.215, segundo atualização da Secretaria Estadual da Saúde (SES) desta segunda-feira. A primeira morte informada pelas autoridades foi de uma idosa de 91 anos. Dos 43 mil óbitos, 73% foram de pessoas com 60 anos ou mais.

O ato foi realizado no Salão Júlio de Castilhos do Parlamento e passa a ser incluído no calendário estadual através da Lei 16.131/2024 da autoria do próprio petista Pepe Vargas. Ao falar para os participantes do evento, o deputado ressaltou a importância de relembrar as vítimas da pandemia e valorizar o trabalho de instituições e profissionais que atuaram na linha de frente. Ele ressaltou ainda o papel da Avico e da Associação Vida e Justiça na defesa dos direitos das vítimas e na luta por políticas públicas de saúde, como o SUS, em parceria com o Legislativo.
Participaram da homenagem, a deputada estadual Stela Farias, a superintendente do Ministério da Saúde no RS, Maria Celeste Souza Silva, o representante do Conselho Nacional da Saúde, Getúlio de Moura Junior, a presidenta do Conselho Estadual da Saúde, Inara Ruas, a coordenadora do Movimento Vacina Já, Ana Affonso, e o presidente do SindiSaúde/RS, Julio Cesar Jesien.
Durante a pandemia, o Brasil foi o segundo país mais afetado no mundo pelo coronavírus, registrando até o dia 20 de março de 2025 um total de 715.610 mortes e 29.232.810 casos.
No Rio Grande do Sul, segundo a SES, mais de 30% da população foi contaminada. “A pandemia deixou consequências sociais e econômicas ainda não totalmente avaliadas e resultou em perdas irreparáveis de vidas ao redor do mundo. Famílias, profissionais da saúde e trabalhadores de atividades essenciais foram sobrecarregados. Esse esforço precisa ser lembrado, para que se construa uma memória coletiva sobre a importância da saúde pública, da ciência e do SUS”, afirmou Pepe Vargas no seu discurso.
O parlamentar lembrou a atuação da Assembleia através de uma série de iniciativas, incluindo a criação da Frente Parlamentar em Defesa das Vítimas da Covid-19. O deputado explicou que a instalação da frente foi motivada, em grande parte, pelas demandas da Avico e da Associação Vida e Justiça.
“A Frente Parlamentar promoveu audiências públicas em diversas regiões do estado, ouviu vítimas e familiares, e elaborou recomendações à Secretaria Estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde. Entre as recomendações, destacou-se a necessidade de destinar 12% da receita líquida do estado à área da saúde, conforme prevê a legislação”, afirmou ele.
Importância do SUS
A coordenadora nacional da Associação Vida e Justiça, Rosângela Dornelles, abordou os desafios da saúde pública no Brasil, principalmente durante e após a pandemia. Ela enfatizou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e o esforço dos profissionais da saúde para manter o atendimento, mesmo diante da escassez de recursos. “O SUS nos salvou e continua salvando vidas todos os dias”, declarou.
Dornelles também criticou a falta de vacinas, insumos e estrutura adequada, além das perdas humanas significativas. “Só quem está na linha de frente e atua nos movimentos sociais sabe o quão distante estamos de uma real valorização e respeito a quem necessita de políticas públicas. A distância disso ficou evidente durante a pandemia, resultando na morte de muitas pessoas”, lamentou. Ela ainda destacou a falta de preparo dos gestores públicos para enfrentar novas crises sanitárias e defendeu o fortalecimento da Atenção Básica à Saúde.
Paola Falceta, vice-presidente da Avico Brasil, reforçou a necessidade de justiça social e do fortalecimento do sistema de saúde no Brasil. Ela apontou a ausência de uma cultura de prevenção e promoção da saúde, destacando a negligência dos gestores públicos durante a pandemia.
A dirigente da Avico compartilhou sua experiência pessoal de perda e enfatizou a importância da reparação para as vítimas e suas famílias. “Precisamos alertar a sociedade sobre futuras crises sanitárias e climáticas. A falta de preparo dos governos resultará em mais sofrimento se não houver mudanças estruturais urgentes”, concluiu.
Ao final, os presentes participaram do painel “5 anos da Covid-19, pelo direito à memória”, no Plenarinho da Assembleia, que contou ainda com a participação do professor do Instituto de Biociência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Gonçalo Ferraz, e da pesquisadora da Universidade Federal de Pelotas (UFpel), Rosane Brandão.
