Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), nos últimos 10 anos, Minas Gerais é o terceiro estado que mais esquentou no país, com um aumento de temperatura significante de 1,1°C, ficando atrás apenas do Mato Grosso e do Amazonas. Boa parte da população já percebe os impactos, em especial aqueles que trabalham expostos aos raios solares.
Em debate realizado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no dia 13 de março, mulheres que trabalham nos galpões de reciclagem relataram suas condições de trabalho, diante desse contexto de extremos climáticos.
“Em tempos de emergência climática, quem cuida das cidades precisa ter condições dignas de trabalho e receber por ele. E as mulheres são maioria nos galpões de reciclagem”, afirmou Marli Beraldo, presidenta da Associação de Catadores de Sarzedo, durante o encontro.
Justiça climática
A reunião, que fez parte da programação do Sempre Vivas, ação da ALMG em referência ao Dia Internacional das Mulheres, teve como tema principal a busca por um maior reconhecimento, representação e reparação, no âmbito da justiça climática.
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Por meio de uma pesquisa coordenada pela doutora em ciências políticas Sônia Dias, que também participou do debate, chegou-se à conclusão que cerca de 91% dos catadores já vivenciaram algum evento extremo, como ondas de calor, enchentes e deslizamentos.
“Uma transição justa exige que esses atores tenham fala”, afirmou Dias, na reunião.
Segundo a professora de direito ambiental Mariza Rios, existem duas abordagens possíveis, quando se fala em mudanças climáticas: a do mercado, que tem o foco exclusivamente no lucro, e a da vida, que valoriza o cuidado com os moradores, com a terra, com a água e com a natureza.
“A vida de todos os seres está sendo rapidamente destruída pela corrida do lucro, amparado na ganância econômica e política”, pontuou Rios.
Outra questão levantada no encontro foi a importância de levar em consideração a diversidade de condições das mulheres e de tratar cada caso com sua devida especificidade.
A pesquisadora Andréa Zhouri, do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (Gesta), declarou que “as mulheres não são homogêneas e são afetadas pelas mudanças climáticas de formas distintas, de acordo com sua posição na estrutura social”.
Com informações da ALMG.