A morte do brasileiro-palestino Walid Khaled Abdullah Ahmed, 17 anos, na prisão israelense de Meggido torna “completamente insustentável” a manutenção de lanços diplomáticos entre o Brasil e Israel. Essa é a posição da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal) em nota sobre a morte de Ahmed, preso pelo exército israelense na Cisjordânia em 30 de setembro de 2024.
“Talvez seja hora de o ministro da Relações Exteriores, Mauro Vieira, rever a muito branda declaração que deu em 23 de outubro de 2024, em que afirma que a ruptura de laços com os genocidas de Tel Aviv ‘não estava em consideração'”, diz a nota da Fepal.
O comunicado ressalta que o tempo da diplomacia foi “sepultado” por Israel e cobra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva um novo posicionamento em relação ao governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. A Fepal destaca que o rompimento dos laços diplomáticos e acordos de cooperação com Israel “é uma obrigação moral – e legal! – do Estado brasileiro com a humanidade, com o povo palestino sob solução final com a comunidade brasileiro-palestino, sob pena de entrar para a história na condição de ator acusado de cumplicidade com o Holocausto Palestino.”
A federação aponta ainda que o centro de detenção de Megiddo é conhecido por “empregar métodos de tortura horripilantes, incluindo choques elétricos, espancamentos, privação de comida e até o uso de cachorros para torturar reféns palestinos”.
A morte de Ahmed foi confirmada pelo escritório do Brasil em Ramallah. Segundo a colunista da Folha de São Paulo Monica Bergamo, o governo brasileiro questionou Israel sobre as circunstâncias da morte e está auxiliando a família a receber o corpo do jovem para ser sepultado no Brasil.
Procurado pela reportagem, o Itamaraty não se manifestou até a publicação desta matéria.