Petroleiros realizam uma greve nacional de advertência nesta quarta-feira (26) para sinalizar o descontentamento da categoria com a atual gestão da presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Na pauta de reivindicação da categoria, estão a tentativa de esvaziar os fóruns de negociação coletiva e as mudanças nas políticas de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e no teletrabalho da empresa.
A paralisação foi decidida em assembleias realizadas em março e contou com ampla adesão da categoria, 94% dos trabalhadores votaram a favor da medida.
Segundo o sindicato da categoria, os principais pontos da greve são a defesa da remuneração variável, com a exigência de que os valores não sejam reduzidos. A remuneração variável é o pagamento adicional ao salário-base que varia de acordo com o desempenho do funcionário ou da empresa; a defesa do teletrabalho, com a suspensão do cronograma de mudanças pretendido pela Petrobras e do termo de adesão individual; e a abertura de negociações coletivas sobre novas regras que contemplem os impactos sobre os trabalhadores.
“A FUP [Federação Única dos Petroleiros] percebeu uma mudança no comportamento da gestão com relação às tratativas com representantes dos trabalhadores, principalmente em pautas que dialogam diretamente com os direitos dos trabalhadores. Essa mudança ficou muito clara em aspectos que são fundamentais para a gente e em dois aspectos que estão na pauta do dia. Uma é uma alteração no regime do teletrabalho dos trabalhadores do regime administrativo, e a segunda é questão da negociação sobre remuneração variável que envolve a PLR e um prêmio de performance dos petroleiros. Nos dois temas, a gente está encontrando uma dificuldade muito grande de negociação”, destaca Sérgio Borges, coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) à reportagem.
Em comunicado, a FUP ressaltou que o movimento também reivindica uma solução definitiva para os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) do Plano Petros, de previdência; a criação de um plano único e integrado de cargos, carreira e salário, que valorize a negociação coletiva, corrija distorções passadas e garanta progressões justas na carreira; a reposição do efetivo de pessoal, com a convocação de concursados e a abertura de novos concursos; melhores condições de trabalho e segurança para os prestadores de serviços, com ênfase na melhoria da fiscalização dos contratos e a eliminação da escala 6×1; e a igualdade de direitos entre os trabalhadores antigos e novos, incluindo os adicionais de transferência e ajuda de custos.
A greve de advertência é nacional, indicada pelas duas federações sindicais petroleiras, a Federação Única dos Petroleiros e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
O Brasil de Fato procurou a Petrobras para comentar o caso. A empresa enviou a seguinte nota:
A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados. A Petrobras tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho, que aumentará de dois para três dias na semana o período de trabalho presencial. A partir de 7 de abril de 2025, todos os empregados devem cumprir três dias de trabalho presencial na semana. Além disso, a companhia apresentou proposta às entidades sindicais de acordo específico de trabalho para pactuar esse ajuste pelo período de dois anos.
Os ajustes mencionados visam atender os grandes desafios que a companhia tem pela frente, alinhados ao seu Plano Estratégico.
A Petrobras esclarece, ainda, que já vem repondo seu efetivo de trabalhadores, tendo convocado mais de 1.900 novos empregados em 2024. A companhia também já anunciou publicamente que irá contratar 1.780 novos empregados ao longo de 2025, oriundos de concurso público de nível técnico.
Por fim, convém destacar que a Petrobras possui um programa de remuneração variável que contempla, entre outros itens, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A Petrobras negociou com as entidades sindicais um acordo de PLR para o período 2024/2025, que será cumprido integralmente pela companhia.