Nesta terça-feira (25), trabalhadores da saúde, sindicatos, usuários do SUS e movimentos populares se reuniram em frente ao Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), em Belo Horizonte, em um ato contra o fechamento da unidade e sua possível privatização.
O protesto foi uma resposta ao edital da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), apoiado pelo governo de Romeu Zema (Novo), que prevê a entrega do prédio e de todos os equipamentos públicos a um ente privado, sem custos.
O HMAL é referência em ortopedia e traumatologia em Minas Gerais, atendendo casos de alta complexidade e servindo como retaguarda para o Hospital João XXIII. Além disso, é um importante centro de formação de residentes médicos.
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Cristiano Maciel, diretor do Sindicato dos Médicos (Sinmed-MG), alertou que o fechamento do hospital deixará milhares de pacientes sem atendimento adequado.
“Não há estrutura no João XXIII para absorver essa demanda. O governo está desmontando um serviço essencial sem qualquer planejamento. Isso é um crime contra a população”, afirmou Maciel.
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Servidores denunciam que não houve discussão com a categoria, nem com o Conselho Estadual de Saúde, o Ministério Público ou o Tribunal de Contas. Médicos e enfermeiros destacam que nenhum estudo técnico foi apresentado para justificar a medida.
Audiência na ALMG amplia resistência
A oposição na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) intensificou a pressão contra a medida. Na próxima terça-feira (1º), às 16h, a Comissão de Administração Pública realiza uma audiência pública para debater o edital de terceirização. A deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a reunião, já pediu impugnação do edital à Fhemig, apontando irregularidades.
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“Esse edital é mais uma manobra do governo para transferir a saúde pública para a iniciativa privada, sem qualquer compromisso com a população”, afirmou Cerqueira, em nota.
Na última semana, a Comissão de Direitos Humanos da ALMG visitou o Hospital João XXIII para avaliar os impactos da transferência de pacientes do HMAL. Parlamentares relataram superlotação e falta de condições para absorver a demanda.
A deputada Bella Gonçalves (Psol) classificou a situação no João XXIII como “cenário criminoso de desassistência”. Já o deputado Lucas Lasmar (Rede) destacou que 200 cirurgias mensais foram transferidas para o hospital sem a contratação de novos anestesistas.