Com o lema “Sinpro, meu sindicato é de luta e eu faço parte da sua história”, o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) comemora 46 anos de existência na capital federal. Em reconhecimento à importância a trajetória, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) realizou, nesta segunda-feira (24), uma sessão solene em homenagem ao aniversário do sindicato.
O evento reuniu educadores, estudantes e líderes sindicais que trouxeram à sessão fatos históricos que marcaram as principais lutas da categoria em prol da democratização da educação e da garantia dos direitos da comunidade educacional. Além de reivindicações por melhores condições de trabalho e de valorização da educação no Distrito Federal.
Fundado em 1979, durante a ditadura militar, o Sinpro-DF surgiu em meio à ascensão da luta sindical por melhores salários e condições de trabalho, tornando-se rapidamente uma referência na defesa de direitos e na democratização da educação. O sindicato esteve à frente de mobilizações históricas, como a defesa da Constituição de 1988, a conquista da eleição direta para governadores no DF e a implementação da gestão democrática nas escolas.

Sessão solene
Na oportunidade o parlamentar e ex-professor da rede pública Gabriel Magno (PT-DF) ressaltou a relevância do sindicato e reforçou o compromisso da CLDF com a pauta da educação. “O Sinpro, os professores e professoras dessa cidade podem ter certeza de que têm um mandato nesta Casa, uma bancada com um olhar voltado para a escola pública”, afirmou.
Magno destacou que, atualmente, a categoria atende cerca de 470 mil estudantes matriculados em 835 unidades escolares da rede pública do DF, contando com um total de 60 mil professores, professoras, orientadores e orientadoras educacionais. O parlamentar comparou o número de habitantes do DF, em torno de 3 milhões, segundo o IBGE, com o alcance do ensino público na cidade e defendeu que a educação seja central no orçamento e nas políticas públicas. “Estamos falando de 1,5 milhão de pessoas que dependem da escola diariamente. Isso representa metade da população do Distrito Federal. A educação precisa ser prioridade no orçamento, porque é o serviço público que mais acolhe e garante direitos”, reforçou.
Magno também destacou o papel da escola na construção de uma sociedade mais justa e o protagonismo do sindicato na defesa de pautas como equidade de gênero, diversidade LGBTQIA+ e combate ao racismo. “O papel da escola se estende à organização sindical, que tem coragem de enfrentar esses debates e propor mudanças estruturais”, concluiu.
Trajetória de luta pela educação pública
Para a representante do Sinpro-DF, a professora Márcia Gilda, o sindicato foi construído com base em uma trajetória de lutas: “Ao longo desses 46 anos, construímos uma história que nos garantiu respeito e reconhecimento. A responsabilidade de quem chega agora é imensa, para que, no futuro, possamos olhar para trás e sentir orgulho dessa caminhada. Não falamos de perfeição, pois há desafios e imperfeições, mas temos a certeza de que demos o nosso máximo”, afirmou.
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) relembrou as batalhas travadas pelo Sinpro e sua contribuição para a defesa dos direitos trabalhistas. “O Sinpro é um patrimônio da nossa cidade. É um sindicato de luta, que sempre esteve presente nas ruas e nos debates mais importantes para a educação. Quando enfrentamos a PEC 666, foi o sindicato dos professores do DF que mais se mobilizou no país para barrar esse ataque à previdência”, destacou.
Líderes estudantis também reafirmaram o papel fundamental do Sinpro e dos professores para a rede pública de ensino, ao mesmo tempo em que denunciaram a precarização da educação no Distrito Federal.
“Os estudantes sabem como a educação pública vem sendo defasada. O governo não se preocupa em garantir as ferramentas para que possamos ocupar os espaços que nos pertencem”, disse o diretor de Políticas Educacionais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Hugo Leopoldo.
Já a presidenta da União dos Estudantes Secundaristas do Distrito Federal (UES-DF), Letícia Rezende, agradeceu o apoio da categoria aos grêmios estudantis e reforçou o compromisso dos estudantes com a luta dos professores. “Os professores ganham muito pouco pelo tanto que trabalham. Eles planejam aulas, se preocupam com os alunos, mas são desvalorizados. E a gente também está nessa luta junto com os professores”, observou.

Desafios para o futuro
A solenidade contou ainda com a presença de Leandro Grass, atual presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC) e ex-professor de sociologia, que também chamou atenção para as condições de trabalho dos docentes e os impactos de uma rede de ensino precarizada. “Não dá para a gente continuar com essa quantidade de professores e professoras adoecidos, acima de tudo, desiludidos”, disse.
Grass também destacou a necessidade de repensar os rumos da educação no DF, especialmente diante dos desafios que se apresentam para os próximos anos. “Pensando nos próximos anos e no desafio que temos em 2026, em uma capital da República onde apenas 5% dos estudantes têm acesso à educação integral, enquanto a média nacional é de 20%, qual será nosso papel na construção de um novo modelo de educação? E, acima de tudo, como vamos nos organizar para colocar a educação como prioridade em um novo projeto de cidade e de país?”, questionou.
“Esse sindicato é muito respeitado e, por isso, deve ser bem cuidado. Entre tantos avanços conquistados, podemos afirmar com orgulho: ‘Nosso sindicato é de luta, e eu faço parte dessa história'”, concluiu a representante do Sinpro, Márcia Gilda.
A cerimônia também contou com a presença da secretária de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Rosilene Correia, e do presidente da Central Única dos Trabalhadores do DF, professor Rodrigo Rodrigues. Ambos reforçaram a importância da mobilização sindical na defesa da democracia, da educação pública e dos direitos dos professores e estudantes.

Campanha salarial
A categoria tem defendido a reestruturação da carreira, ponto estratégico da campanha salarial, junto com a reivindicação de um reajuste de 19,8%, rumo à meta 17 do Plano Distrital de Educação (PDE). O Sinpro-DF organiza uma paralisação das escolas públicas nesta quinta-feira (27/3), às 9h, no estacionamento da Funarte.