Países e montadoras em todo o mundo condenaram, nesta quinta-feira (27), as tarifas adicionais de 25% anunciadas por Donald Trump sobre todos os veículos e seus componentes “não fabricados nos Estados Unidos”.
França, Canadá, Alemanha e Japão estão entre os países que analisam respostas às tarifas dos EUA. O governo da Alemanha, maior produtor da Europa, pediu à UE uma “resposta firme” para deixar “claro que não nos curvaremos aos Estados Unidos”, segundo o ministro da Economia, Robert Habeck.
Na mesma linha, o ministro das Finanças francês, Éric Lombard, observou que “a única solução para a União Europeia será aumentar as tarifas sobre os produtos americanos”.
Trump ameaçou o Canadá e a União Europeia com “tarifas em larga escala, maiores do que as já planejadas” se trabalharem juntos “para causar danos econômicos aos Estados Unidos”.
Após impor tarifas sobre o alumínio e o aço, o presidente dos EUA continua sua guerra comercial com o setor automotivo, o que pode afetar particularmente o Canadá e o México, angustiados com a ameaça de tarifas de 25% sobre todos os seus produtos. As novas tarifas entrarão em vigor em 3 de abril, disse Trump, e afetarão carros e caminhões leves fabricados no exterior. A mesma taxa também será aplicada a componentes e peças de reposição no mesmo mês.
“Vamos cobrar os países por fazer negócios em nosso país, tomar nossos empregos, tomar nossa riqueza”, afirmou Trump no Salão Oval da Casa Branca. Um de seus assessores explicou que essas tarifas serão adicionadas às taxas pré-existentes (geralmente de 2,5%), o que significa que os carros importados serão taxados em 27,5% do seu valor.
O anúncio desencadeou quedas acentuadas nas Bolsas europeias e asiáticas, com empresas como Toyota, Hyundai e Mercedes liderando esses prejuízos, e apelos por diálogo e negociação do setor automotivo. Para os veículos elétricos chineses, que foram taxados em 100% desde agosto, os impostos alfandegários aumentarão para 125%.
Trump defende essa política como uma forma de aumentar a receita do governo e revitalizar a indústria dos Estados Unidos, embora também possa prejudicar as relações com aliados próximos, como Japão, Coreia do Sul, Alemanha e, especialmente, Canadá e México. Muitas montadoras estadunidenses têm fábricas nos dois países que abastecem o seu mercado interno. O México, por exemplo, exporta 80% dos veículos que fabrica para seu vizinho do norte, segundo dados oficiais.
“Impor tarifas de 25% sobre carros importados terá um efeito devastador sobre muitos dos nossos aliados próximos”, disse à AFP Wendy Cutler, vice-presidente do Asia Society Policy Institute e ex-negociadora comercial dos Estados Unidos.
Indústria dos EUA será afetada
As novas medidas também preocuparam as montadoras dos EUA. Em um comunicado, a Associação Americana de Fabricantes de Automóveis pediu que as tarifas sejam implementadas “de uma forma que evite aumentos de preços para os consumidores” e “proteja a competitividade” da indústria.
O Centro de Pesquisa do Automóvel havia estimado anteriormente que as tarifas de Trump poderiam aumentar o preço de um veículo em vários milhares de dólares e prejudicar o mercado de trabalho.
As queixas contra a medida incluem o assessor de Trump e CEO da Tesla, Elon Musk, que disse que os custos de produção de sua empresa aumentariam.”Para ser claro, isso afetará o preço das peças de carros Tesla vindas de outros países. O impacto no custo não é trivial”, escreveu o bilionário em sua conta no X.
*Com AFP