O sucesso do filme Ainda Estou Aqui permitiu aos brasileiros revisitar o passado violento da ditadura civil-militar no Brasil e trouxe à tona o debate sobre memória, justiça e reparação num momento em que a Justiça brasileira inicia os primeiros passos para julgar os mentores da recente tentativa de golpe de Estado no país.
Entendendo a importância do tema para a sociedade brasileira, nesta sexta-feira (28), o plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro realiza uma homenagem ao movimento estudantil, relembrando a figura simbólica do estudante Edson Luís, assassinado em 1968 num confronto com policiais militares durante a ditadura civil-militar. A morte do estudante, ocorrida no centro do Rio, foi um marco e intensificou os protestos contra o regime em todo o país.
Para a vereadora Maíra do MST (PT), organizadora do evento, relembrar Edson Luís é afirmar a importância histórica e atual do movimento estudantil na luta pela democracia.
“Não é apenas uma homenagem ao passado, mas também um reconhecimento ao papel fundamental que estudantes desempenham nas lutas atuais”, ressalta a parlamentar à reportagem.
Na avaliação do historiador Lucas Pedretti, o resgate da memória diz respeito ao futuro que estamos construindo como nação.
“Considero que o resgate da memória do Edson Luís nesse momento cumpre um papel extremamente relevante no sentido de se somar às mobilizações em curso par usar essa memória como instrumento de luta no presente. De luta pela democracia, pela responsabilização do [Jair] Bolsonaro, pela responsabilização dos generais aliados do Bolsonaro. É a questão do reconhecimento da violência do Estado no passado e no presente”, afirma Pedretti, autor de Dançando na mira da ditadura – bailes soul e violência contra a população negra nos anos 1970, ao Brasil de Fato.
O evento conta com as presenças de lideranças de diferentes gerações na defesa da educação e da democracia, como Elinor Brito, Vladimir Palmeira, o deputado federal Lindbergh Farias (PT), Daia Araújo (UNE) e Hugo Silva (Ubes).