O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a contradizer o governo de extrema direita da Argentina nesta sexta-feira (28), quando um porta-voz da entidade confirmou que os argentinos pediram um empréstimo de US$ 20 bilhões (R$ 155 bi), mas que a quantia ainda precisa ser aprovada pela direção do fundo.
Além disso, o representante do FMI citou que o novo empréstimo faz parte de um “novo programa de quatro anos”. Ainda que não tenha esclarecido em quanto tempo serão feitos os desembolsos, a informação vai contra o que disse o ministro da Economia do país, que insinuou que o valor passaria ao país de forma imediata.
O governo do presidente Javier Milei vive momentos complicados e embaraçosos desde a última quinta-feira (27), quando foi desmentido pelo FMI sobre o valor do novo empréstimo adquirido junto à entidade.
“O valor é de 20 bilhões de dólares”, havia anunciado nas primeiras horas da manhã o ministro de economia, Luis Caputo, para horas depois ser contrariado pela porta-voz do FMI Julie Kozack. “O tamanho final do pacote [será determinado] pelo conselho do FMI”, disse.
Revelando os valores, o governo pretendia acalmar o mercado e controlar uma corrida cambial pelo dólar, que pressionava o preço da moeda estadunidense desde que a nova dívida fora aprovada pela Câmara dos Deputados, sem detalhes como quantia e prazos.
As falas de Caputo, no entanto, tiveram efeito contrário. Na quinta-feira, o dólar chegou a valer mais de 1.300 pesos argentinos, o valor mais alto desde agosto do ano passado. Já nesta sexta-feira (28) a divisa segue alta em comparação com os mil pesos que vinha sendo mantido – à força – pelo Banco Central. Por volta das 15h, o dólar estava em 1.280 pesos.
Segundo a imprensa local, o temor dos agentes econômicos é que uma desvalorização do peso pressione os preços e atire o país de volta em uma espiral inflacionária. Acuado, Milei foi a um podcast aliado na noite de quinta-feira para se explicar e prometer “que obviamente não vai haver desvalorização”, pois “o que faltam são pesos, não dólares”.
Cristina: ‘Deixe de falar bobagens’
A ex-presidenta e uma das líderes do peronismo e da oposição Cristina Kirchner criticou o governo pelas ações com o FMI e foi taxativa ao dizer que o novo empréstimo “não vai funcionar”.
“Com o FMI não há plano de desenvolvimento, nem dólares que sejam suficientes. Somente há ajuste, endividamento e negócios para poucos. Você [Milei] sabe muito bem. Com o FMI não há horizonte de nada”, disse em suas redes sociais. Cristina ainda criticou diretamente Milei, dizendo que o presidente precisava parar de “falar bobagens”. “Senti que foi o primeiro dia do seu desgoverno”, afirmou.