Há duas semanas do segundo turno, a Confederação de Nacionalidade Indígenas do Equador (Conaie) e o grupo opositor Revolução Cidadã (RC) vão assinar um acordo programático para não apenas a disputa eleitoral, mas uma eventual vitória da candidata de esquerda Luisa González.
O acordo será assinado neste domingo (13) no estado de Chimborazo, região central do país. O nome do documento será “Por um país livre de violência, pela paz e a vida” e, do lado da Conaie, assinará o texto o movimento Pachakutik. A medida representa uma mudança de postura do grupo, que havia anunciado que não daria apoio a nenhum candidato no segundo turno.
O movimento afirmou em um comunicado que, em tempos de crise, a união é a maior força para vencer a direita. “Diante do avanço de uma direita violenta e antidemocrática, é hora de deixarmos de lado as diferenças e agirmos juntos por um país mais justo”, diz o texto. O documento também reafirma que “nenhum voto deve ser dado à direita”.
O objetivo do acordo é reunir organizações sociais, movimentos de esquerda, povos indígenas, camponeses, estudantes e outros grupos políticos como movimentos feministas e ambientalistas “comprometidos com o futuro do Equador”.
Diferentemente da Conaie, outro grupo indigena equatoriano disse que apoiará o candidato da direita, Daniel Noboa. O líder da Confederação das Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confeniae), José Esach, afirmou que a organização apoiaria o governo, mas com uma “agenda amazônica que beneficie a comunidade, não apenas duas ou três pessoas”.
Vantagem de Luisa
A candidata de esquerda foi ao segundo turno com 43.8% dos votos e ficou apenas 0,5 ponto percentual atrás do atual presidente Daniel Noboa. No entanto, o Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica (Celag) compilou 4 pesquisas eleitorais para o dia 13 de abril e 3 delas indicam uma maior intenção de votos para Luisa Gonzalez.
A Trespontozero (52,9% x 45,2%), Negócios e Estratégias (46,8% a 44,8%) e a MR Analítica (49,8% a 43,8%) apontam um favoritismo de Gonzalez. A única que mostra uma maior intenção de votos no atual presidente Daniel Noboa é a Tino Eleitoral (49,1% a 46,2%).
Analistas ouvidos pelo Brasil de Fato afirmaram que a vantagem da esquerda também se daria pela transferência de muitos desses votos do primeiros turno. Primeiro porque o terceiro lugar na votação foi Leonidas Iza, do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik (MUPP). Ele recebeu 5.26% dos votos e poderá ser o fiel da balança na disputa a partir de agora.
Com o apoio do grupo a Gonzalez, é possível que essa porcentagem garanta a vitória da esquerda no segundo turno.
Ex-vice de Noboa perde direitos
A ex-vice-presidente do Equador, Verónica Abad, perdeu por dois anos seus direitos políticos. A decisão foi do Tribunal Eleitoral do Equador e teve como base uma acusação da ministra das Relações Exteriores, Gabriela Sommerfeld. Ela afirma ter sofrido violência política de gênero de Abad.
A vice questionou a decisão de enviá-la para funções diplomáticas em Israel eram uma “violação eleitoral”, o que foi considerado pelos juízes do TCE como uma acusação “muito grave”.
Abad deixou o cargo acusada de abandonar suas funções, o que foi o estopim de uma crise política que começou logo após a posse do mandatário, em novembro de 2023.
O governo disse que está amparado pelo artigo 150 da Constituição para fazer a troca. O trecho da Carta Magna determina que “em caso de ausência temporária de quem exerce a vice-presidência da República, corresponderá a substituição da ministra ou do ministro de Estado designado pela Presidência da República”. Abad estava como embaixadora do Equador em Israel. Com o aumento dos conflitos com o Líbano, a representação diplomática foi transferida para a Turquia.
De acordo com o Ministério do Trabalho, Abad deveria ter se apresentado à embaixada do Equador em Ancara em 1º de setembro. Ela, no entanto, só chegou à Turquia cinco dias depois. O afastamento da vice foi anunciado no sábado (9). Segundo o ministério, a vice cometeu uma “falta grave”. Em comunicado, a presidência afirmou que a nova vice “mostrou uma trajetória exemplar no serviço público, com uma sólida formação na gestão pública e um profundo compromisso com o bem-estar de todos os equatorianos”.
A vice, no entanto, contestou a decisão. Segundo Abad, Noboa decidiu afastá-la das funções para impedir que ela assumisse a presidência durante a campanha eleitoral, que terá início em janeiro de 2025. Ela justificou o atraso afirmando que a viagem para a Turquia “não estava preparada” e disse que Noboa quer dar um golpe para garantir a reeleição. O presidente é candidato a um novo mandato.