O presidente russo, Vladimir Putin, propôs na última quinta-feira (27) a introdução de uma administração internacional temporária na Ucrânia sob comando da ONU e dos EUA, por exemplo, para que sejam realizadas eleições no país.
Ao falar sobre as perspectivas das negociações de paz, o líder russo reiterou a posição de Moscou de não considerar como legítima a autoridade do governo do presidente Volodymyr Zelensky. Segundo ele, atualmente não está claro para a Rússia com quem do lado ucraniano seria possível assinar quaisquer acordos, já que “outros líderes surgirão amanhã” no país.
“Em princípio, é claro, seria possível, sob os auspícios da ONU, dos EUA, com países europeus e, claro, com nossos parceiros e amigos, discutir a possibilidade de introduzir uma gestão temporária na Ucrânia. Para realizar eleições democráticas, para levar ao poder um governo capaz que goze da confiança do povo e, então, começar negociações com eles sobre um tratado de paz”, disse Putin.
“Mas esta é apenas uma opção. Não estou dizendo que não há outras… Mas esta é uma das opções, e tal prática existe no trabalho da ONU”, acrescentou o presdiente russo.
Vladimir Putin repetidamente declarou em diversas ocasiões que não considera Volodymyr Zelensky presidente legítimo, já que não houve eleições na Ucrânia em 2024, quando estava prevista a realização do pleito antes do início da guerra. A lei ucraniana considera a proibição da realização de eleições enquanto o país estiver em guerra com a lei marcial em vigor.
Ao comentar a declaração do líder russo, a administração presidencial dos EUA declarou que as decisões sobre quem governa a Ucrânia só podem ser tomadas pelo seu povo.
Violações do cessar-fogo
O Ministério da Defesa russo afirmou nesta sexta-feira (28) que as tropas ucranianas atacaram o posto de medição de gás da cidade Sudzha, na região russa de Kursk. Segundo a pasta, o ataque foi realizado com o sistema de mísseis ocidental HIMARS, causando um “grande incêndio” na estação.
O Ministério da Defesa também afirmou que as forças de defesa aérea russas abateram 19 drones ucranianos na região de Saratov, informando que o alvo do ataque era a infraestrutura da Refinaria de Petróleo de Saratov.
“Assim, todos os compromissos declarados publicamente pelo regime de Kiev para supostamente interromper ataques deliberados à infraestrutura energética civil russa são mais uma manobra de Zelensky para evitar o colapso da frente das Forças Armadas Ucranianas e restaurar seu potencial militar com a ajuda de ‘aliados’ europeus”, completou o Ministério da Defesa.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, por sua vez, afirmou que a Rússia reserva-se o direito de atacar a infraestrutura energética ucraniana “em caso de não conformidade” com a moratória por parte das autoridades ucranianas.
“Seria ilógico obedecermos e enfrentarmos tentativas de atacar nossas instalações de infraestrutura de energia todas as noites”, disse o porta-voz do Kremlin.
Segundo ele, os militares ucranianos “não estão seguindo ordens de não atacar instalações de infraestrutura energética”. Ele enfatizou que “as tentativas de realizar esses ataques continuam diariamente”.
No início da semana, foi divulgado que os EUA chegaram a um acordo com a Rússia e com a Ucrânia para que fosse adotada um trégua nos ataques contra instalações de energia russas e ucranianas. Moscou alega que o cessar-fogo no setor energético está em vigor há mais de uma semana, desde 18 de março. Kiev, por sua vez, não confirmou esta data. Já o assessor de comunicações de Zelensky, Dmitry Litvin, afirmou que desde 18 de março, quando a Rússia anunciou que estava suspendendo os ataques, houve oito ataques confirmados a instalações de energia ucranianas.