Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza deixaram pelo menos 40 vítimas fatais desde a madrugada deste sábado (30/03), coincidindo com o início da festividade do Eid al-Fitr, que marca o encerramento do mês sagrado do Ramadã.
A data, tradicionalmente dedicada a orações e confraternizações familiares com refeições especiais, foi marcada por uma nova escalada de violência em diversos pontos do território palestino. O número de mortos se aproxima de 1.000 desde 18 de março, quando Israel retomou sua ofensiva após um período de quase dois meses de trégua com o Hamas.
Conforme relatado pela agência oficial palestina Wafa, a onda de ataques atingiu múltiplas áreas. Em Shuka, localidade a leste de Rafah, e em um campo de refugiados em Khan Yunis, ambos no sul gazense, três pessoas perderam a vida em bombardeios e ataques com drones.
A violência se intensificou ao longo da madrugada, resultando em mais 20 vítimas. Quatro pessoas morreram quando uma tenda que abrigava famílias deslocadas na região de Qizan Abu Rishwan, nas proximidades de Jan Yunis (sul), foi atingida. Outras duas fatalidades ocorreram durante um ataque aéreo em Jabalía, no norte do território.
Paralelamente, equipes do Crescente Vermelho Palestino conseguiram recuperar os corpos de 14 socorristas que haviam sido mortos uma semana antes por disparos israelenses no bairro de Tal al-Sultan, em Rafah.
Os dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza, sob controle do Hamas, indicam que 50.277 palestinos morreram desde o início da campanha militar israelense, desencadeada após o ataque do grupo palestino em 7 de outubro de 2023, que resultou em 1.218 mortes em Israel. Havia expectativas de um possível cessar-fogo durante as celebrações do Eid al-Fitr, que não se confirmaram.
Proposta de saída para o Hamas
Em meio aos confrontos, esforços diplomáticos continuam sendo conduzidos pelo Egito, Catar e Estados Unidos para mediar um acordo de cessar-fogo e garantir a libertação dos reféns israelenses ainda mantidos em Gaza.
Neste sábado (29), uma autoridade de alto escalão do Hamas anunciou que o grupo havia aceitado uma nova proposta de trégua apresentada pelos mediadores e solicitou o endosso israelense ao acordo. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu confirmou o recebimento do texto e apresentou uma contraproposta.
Em declarações feitas neste domingo, Netanyahu afirmou que Israel permitirá a saída das lideranças do Hamas de Gaza, desde que o grupo palestino abandone seu arsenal.
O premiê rebateu críticas sobre a falta de engajamento de seu governo nas negociações para libertação dos reféns, argumentando que a intensificação da pressão militar sobre o Hamas está produzindo resultados.
“Estamos negociando sob fogo… Podemos ver rachaduras começando a aparecer” nas posições do Hamas, declarou Netanyahu durante reunião ministerial.
Segundo o líder israelense, na “etapa final” do conflito, “o Hamas vai depor suas armas. [E] seus líderes terão permissão para sair”. O grupo palestino já manifestou disposição para renunciar à administração de Gaza, mas rejeita a exigência de entrega de armamentos.
Netanyahu também mencionou que Israel trabalha para implementar o plano proposto pelo presidente americano Donald Trump, que prevê o deslocamento de habitantes de Gaza para outros países. Após o término do conflito, conforme o primeiro-ministro, Israel assumiria a responsabilidade pela segurança geral em Gaza e “permitiria a implementação do plano de Trump”.
Com informações de EFE e AFP