Com o objetivo de ocupar as ruas, homenagear e reivindicar justiça pelas vítimas da ditadura militar (1964-1985), a 2ª Caminhada do Silêncio ocorre, em João Pessoa, nesta terça-feira (1º), data que marca os 61 anos do golpe de 1964. A concentração será em frente ao prédio da Ordem dos Advogados da Paraíba (OAB-PB), às 15h. O evento é uma realização do Memorial da Democracia da Paraíba e do Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça (CPMVJ).
“A gente fala que é um silêncio em homenagem a todas as vítimas de violência do Estado, mas também é uma caminhada de grito, de protesto, de reivindicação, de luta, de ocupação do espaço público pela sociedade civil”, explica Fernanda Rocha, coordenadora do Memorial da Democracia da Paraíba e parente do paraibano Ezequias Bezerra da Rocha, considerado desaparecido político.
No Brasil, a Caminhada do Silêncio surgiu em 2019. Em João Pessoa, o ato aconteceu pela primeira vez em 2024. A manifestação luta pela memória, verdade, justiça e reparação de perseguidos, desaparecidos e mortos pela ditadura militar, como também pelas vítimas da violência do Estado do passado e do presente.
Rocha pontua, nesse contexto, que a caminhada também traz em cena os atos golpistas do 8 de janeiro e a luta contra a anistia para aqueles que tiveram participação. “Vivemos à beira de mais um golpe terrorista e um golpe de Estado. A gente repudia isso tudo, então, a caminhada tem tantos outros sentimentos”, afirma.

Conforme Lúcia Guerra, integrante da coordenação do CPMVJ, o objetivo da caminhada é dar visibilidade às violações de direitos humanos durante a ditadura militar.
“Os assassinados e desaparecidos pelos agentes da ditadura não podem ser esquecidos. Embora seja uma marcha do silêncio, ela clama por justiça e pelo fim da impunidade dos torturadores. Por isso, também se terá referência à pauta local da cidade de João Pessoa: a mudança dos nomes de espaços públicos que homenageiam ditadores e colaboradores da ditadura“, comenta Guerra.
Educar para o ‘nunca mais’
Enquanto familiar, Rocha conta que a sua família “tem todas as provas de que Ezequias foi assassinado, foi torturado”. Ela salienta ainda que foram e são muitas camadas de violência também para a família.
“Nós queremos respeito, queremos pedidos de desculpa do Estado brasileiro, nós queremos a punição dos torturadores, dos agentes do Estado que estavam respondendo àquele regime, nós queremos que essa reparação venha num sentido amplo de uma reparação simbólica, uma reparação, na qual a gente consiga pensar numa construção educativa de uma outra forma de sociedade”, complementa.
Realização e apoios
Além da organização ser feita pelo CPMVJ e pelo Memorial da Democracia da Paraíba, a 2ª Caminhada do Silêncio conta com o apoio de outras organizações e movimentos, são eles:
– Memorial das Ligas e Lutas Camponesas
– Fundação Margarida Maria Alves
– Secretaria do Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH-PB)
– Central Única dos Trabalhadores (CUT-PB)
– Partido dos Trabalhadores (PT)
– Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
– Fundação Casa de José América
– Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep-PB)
– Sindifisco-PB
– Sindicato dos Bancários da Paraíba
– Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica Profissional e Tecnológica da Paraíba (Sintef-PB)
– Movimento do Espírito Lilás (MEL)
– Movimento Correnteza
– Unidade Popular (UP)
– Partido Comunista Revolucionário (PCR)
– Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas (Apes)
– Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Paraíba (DCE-UFPB)
– União da Juventude Rebelião (UJR)
– Café Cultura Santa Luzia PB
2ª Caminhada do Silêncio
Data: 1º de abril de 2025
Concentração: em frente ao prédio da OAB-PB, localizado na rua Rodrigues de Aquino, nº 37, Centro, João Pessoa (PB)
Horário: 15h
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