A convocação de uma greve nacional na Bélgica contra a proposta de reforma previdenciária apresentada pelo governo paralisou grande parte do país nesta segunda-feira (31). Aeroportos cancelaram voos e transporte público, escolas e lojas operaram com metade da capacidade.
Na capital, Bruxelas, funcionários de metrô, bonde e ônibus sofreram atrasos e cancelamentos. Guardas de prisão, funcionários de hospitais e trabalhadores da coleta de lixo estavam entre os que aderiram à greve. As paralisações também afetaram a administração pública, as instituições educacionais, a mídia e o comércio varejista, e foram montados piquetes em locais como a Universidade Livre de Bruxelas.
A mobilização foi convocada pela Federação Geral do Trabalho da Bélgica (FGTB) e pela Confederação dos Sindicatos Cristãos (CSC). Os sindicatos condenaram as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, Bart De Wever, principalmente aquelas que afetam as aposentadorias e o poder de compra da população.

O primeiro-ministro belga iniciou seu governo em fevereiro após meses de negociações após as eleições de junho do ano passado. Após a formação do governo, a proposta de De Wever para eliminar um esquema especial de aposentadoria e alinhar a idade de aposentadoria de todos os funcionários públicos com a do setor privado, que é de 66 anos, enfureceu os sindicatos e trabalhadores.
“A escala e o número de cortes sociais planejados pelo governo federal não têm precedentes”, disse o sindicato FGTB, que também se opõe aos planos de redução do seguro-desemprego.
“Estou impressionada com a diversidade de setores e colegas que estão em greve. Podemos ver claramente que todos os setores são afetados por uma grave deterioração da capacidade de trabalhar em boas condições”, declarou Marie-Hélène Ska, secretária-geral da Confederação dos Sindicatos Cristãos (CSC) ao jornal belga L’Echo.
“Esta é a maior greve em 10 anos”, comemorou o Partido Trabalhista da Bélgica em comunicado nesta segunda-feira (31). As mobilizações tiveram início em janeiro durante as negociações para a formação de um novo governo e levaram cerca de 100 mil pessoas às ruas do país em 13 de fevereiro.
O secretário-geral adjunto do PTB, Benjamin Pestieau, anunciou que a primavera na Béltgica “será agitada”, com as mobilizações contra o governo do nacionalista flamengo Bart De Wever. “O 1º de Maio já se configura como um forte momento de resistência social. As ações continuarão então em maio, junho e até ao início do ano letivo em setembro”, anuncia o comunicado do PTB.
*Com AFP e L’Echo