A etapa gaúcha da 4ª Conferência Nacional de Economia Popular e Solidária (Conaes), ocorrida neste final de semana, dias 28 e 29, reuniu quase 300 delegados na Escola Técnica Mesquita, em Porto Alegre (RS). Nos dois dias, foram debatidas, sistematizadas e aprovadas as demandas para o setor levantadas nas reuniões preparatórias ocorridas entre 2024 e 2025 no estado, que mobilizaram 58 municípios de oito regiões do Rio Grande do Sul em 14 conferências.
O resultado final das propostas será levado a Brasília por 84 delegados e delegadas eleitas na conferência gaúcha. Eles representarão os anseios dos coletivos de economia popular e solidária do Rio Grande do Sul durante a etapa nacional da Conaes, prevista para ocorrer entre os dias 14 e 17 de agosto deste ano, em Brasília, momento em que será elaborado o 2º Plano Nacional de Economia Popular e Solidária. Também foram escolhidos 52 delegados suplentes.
Estiveram presentes ao encontro delegações das regionais de Santana do Livramento, Pelotas, Santa Maria, Passo Fundo, Caxias do Sul, Torres, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Guaíba, Gravataí, Alvorada, Viamão e Porto Alegre.

Para chegar ao documento final, foram formados grupos que debateram cinco eixos elencados para posterior apresentação e edição conjunta em uma disputada plenária. Os eixos são: análise da realidade; Realidade socioambiental, cultural, política e econômica; Produção, comercialização e consumo justo e solidário; Financiamento, créditos e finanças solidárias; e Educação, formação e assistência técnica.
Entre os inúmeros gargalos apontados, serão levados para a Capital Federal temas como a necessidade de parcerias com os poderes públicos estadual e federal, criação de meios de acesso a crédito, fomento ao consumo responsável e a uma cultura de sustentabilidade, criação de políticas públicas efetivas para a coleta seletiva e educação ambiental, inclusão da temática economia solidária no currículo escolar, assessoria técnica nas mais diversas frentes, articulação entre produtores e consumidores, criação de uma formalização específica para o setor, nos moldes do Microempreendedor Individual (MEI), entre outros.
A conferência foi um momento de muitos reencontros e fortalecimento das redes e iniciativas, já que a última havia ocorrido em 2014. Com a recriação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2023, a Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes) também foi restabelecida.
A 4ª Conaes tem a coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Senaes, e do Conselho Nacional de Economia Popular e Solidária, sendo convocada no RS pelo Conselho Estadual de Economia Solidária (Cesol) e estruturada através da Comissão Organizadora Estadual, contando ainda com vários apoiadores locais e estaduais, entre eles a Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional do Rio Grande do Sul (STDP).
Um povo solidário e de luta
Durante a abertura oficial, na manhã do dia 28, o secretário nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes), Gilberto Carvalho, afirmou que fez questão de marcar a sua vinda como um sinal da sua solidariedade. “Trago meu reconhecimento do heroísmo de vocês, que passaram por tantas dificuldades e estão de pé. A dificuldade da enchente, a ausência de apoio de algumas esferas, contexto no qual vocês teimosamente se mantiveram de pé. Cumprimento cada um e cada uma e ressalto o quanto é importante a economia solidária.”
A presidenta da Central de Empreendimentos Econômicos Solidários no Rio Grande do Sul (Unisol RS) e da Cooperativa Justa Trama, Nelsa Fabian Nespolo, também fez referência à enchente de maio. “Quantos aqui deram a sua vida para recuperar esse Estado novamente. Nós, mesmo atingidos, ajudamos a atender as famílias fragilizadas.”
Segundo ela, construir uma economia dentro de um mercado que nos oprime não é fácil. “Mas estamos aqui, porque, na economia solidária, acreditamos em um outro modelo de desenvolvimento. Queremos um planeta mais cuidado, por isso trabalhamos com a reciclagem, com produtos saudáveis, por isso queremos uma outra agricultura, que tenha a agroecologia como centro. E o protagonismo é das mulheres na economia solidária.”
Além de Carvalho e Nespolo, integraram a mesa de abertura do Conaes a assessora da Secretaria-Geral da Presidência da República, Dora Sugimoto, o secretário de Trabalho e Desenvolvimento Profissional (STDP/RS), Gilmar Sossella, a deputada federal Maria do Rosário, o presidente do Conselho Estadual de Economia Solidária (Cesol/RS), Luis Fernando Rosa, o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Economia Solidária na Assembleia Legislativa do RS, deputado estadual Zé Nunes, a coordenadora Executiva do Fórum Gaúcho de Economia Solidária, Maribel Kauffmann (FGEPS), o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre (Stimepa), Adriano Souza Filippetto, e a doutora em Ciências Sociais e professora adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Ana Mercedes Sarria Icaza.
