A oitava edição do Festival de Música da Paraíba, que homenageia os lendários músicos Cassiano e Glorinha Gadelha, divulgou, nesta terça-feira (1º), as 30 composições selecionadas para a fase eliminatória. Entre os finalistas, 11 canções têm autoria feminina, destacando a diversidade da produção musical paraibana. A próxima etapa ocorre nos dias 22 e 23 de maio, no Teatro Severino Cabral, em Campina Grande.
O anúncio foi feito durante o programa Tabajara em Revista, da Rádio Tabajara. Os artistas tiveram a oportunidade de inscrever as composições no período de 18 de fevereiro a 13 de março, totalizando 214 inscrições validadas e oriundas de 32 municípios paraibanos.
O sorteio da ordem de apresentação das canções nas eliminatórias ocorre na próxima sexta-feira (4) também durante o Tabajara em Revista, na 105 FM. A grande final da competição será no dia 31 de maio, no Teatro de Arena, no Espaço Cultural, em João Pessoa.
Diógenes Ferraz, que participa pela segunda vez com uma canção, comenta a “alegria pura” de saber que está de volta ao festival. “Recebi a notícia aqui em Mangabeira [bairro], dei um grito, e as pessoas ao redor olharam, ainda mais sendo no dia 1º de abril, que representa o golpe de 1964. Minha música fala sobre a ditadura militar no Carnaval, inspirada nos nossos frevos, na Paraíba e no Brasil em geral. Tem muita coisa para contar, mas não dá para falar tudo agora. Só sei que estou muito feliz e comemorando aqui em Mangabeira!”
A cantora Ruanna é uma das compositoras que também teve canção selecionada. “É uma enorme felicidade participar de mais uma edição do Festival de Música da Paraíba! Esta é a minha terceira participação, e essa canção, desde que surgiu nas minhas ideias, sempre a imaginei como uma música para festival. Ao longo do tempo, fui lapidando, acrescentando elementos e aprimorando a composição. Fiquei muito feliz com a notícia e estou preparando uma performance especial, trazendo com força a questão das lutas das mulheres, que é um tema muito importante para mim.”
O cantor Will, junto com Gitana Pimentel e Pedro Haus, compôs a canção As Caras da Paraíba, selecionada para esta edição do festival. Esta é a quinta participação dele na competição. Ele diz ter a expectativa que uma composição com a sua participação chegue novamente às finais. “As Caras da Paraíba foi escrita para servir como trilha sonora do documentário homônimo, dirigido e produzido por Gitana Pimentel. O filme aborda como a beleza da nossa terra e do nosso povo é frequentemente negligenciada e, por vezes, diminuída nas grandes mídias nacionais. A canção é um canto de resistência e pertencimento, falando sobre nossa identidade. No fundo, a mensagem principal é clara: não devemos baixar a cabeça para absolutamente nada! Quem define como as coisas devem ser somos nós”, destaca.
Sobre o festival
Para se inscrever no festival, era necessário ter uma música autoral e inédita e ser compositor paraibano com mais de 18 anos ou residente na Paraíba há, pelo menos, dois anos. Foram selecionadas 30 músicas para as eliminatórias. Desse total, só 14 chegarão a final. Serão pagos R$ 30 mil em prêmios, sendo R$ 10 mil para a música vencedora; R$ 7 mil para a segunda colocação; e R$ 5 mil para o terceiro lugar. Melhor Intérprete recebe R$ 3 mil, e a música escolhida pela votação popular on-line leva R$ 5 mil.
Foram convidados três curadores de outros estados com notório saber para seleção de 30 canções finalistas e 10 suplentes, adotando como critério básico de seleção harmonia, melodia/ritmo, criatividade/originalidade e poesia, princípios universais de construção de uma canção, além da percepção pessoal do profissional.
O festival é uma realização do Governo do Estado da Paraíba, por meio da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), da Fundação Espaço Cultural (Funesc) e da Secretaria de Estado da Comunicação Institucional (Secom), com o apoio da PBGás.
Confira as 30 canções classificadas
A Rabeca e o Pandeiro – Ninno Amorim – João Pessoa
À Solta – Matheus Andrade – João Pessoa
Abelhas – Pedro Francisco – João Pessoa
Ainda Estou Aqui (Uma Música) – Diógenes Ferraz – João Pessoa
Antes do Mundo Explodir – Adri L. – João Pessoa
Antes que me Pergunte – Titá Moura – João Pessoa
Artista e Clt – Oli – João Pessoa
As Caras da Paraíba – Gitana Pimentel, Will e Pedro Haus – Campina Grande
Asas – Soz – João Pessoa
Baque de Realidade – Paulo Rafael e Karla Oliveira – João Pessoa
Beijo na Praça – Juzé – João Pessoa
Boêmio de Profissão – Severo Ramos – Campina Grande
Canto por Igualdade – Wagner Luiz Malta – João Pessoa
Canto Triste – Filipe Sousa – Campina Grande
Cassiano e Glorinha – Floriano Maurício – Queimadas
Cirandeira do Mar – Tathy Martins – João Pessoa
Côco Parahyba – Heitor Loureiro – Emas
Coisa Melhor do que Dinheiro – Bibiu do Jatobá – Alagoa Grande
Deixa Eu Cantar Aqui – Pricler e Pedro Medeiros – João Pessoa
Escândalo – Maria, Joyce Barbosa, Eliza Garcia e Ingrid Simplício – João Pessoa
Esperança de Recomeçar – Val Félix – João Pessoa
Eu Sou a Trajetória – Cecília Albuquerque – João Pessoa
Eu Sou Demais pra Pouca Coisa – Gláucia Reis e Simão Mairins – Campina Grande
Janaína Perdeu a Cabeça – André dos Santos – João Pessoa
Ladainha – Ruanna – João Pessoa
Nordestinês – Vania Airam – João Pessoa
Olhos de Cobiça – Thiago Cruz – Campina Grande
Ponta-Cabeça – Betinho Lucena – João Pessoa
Roda Gigante – Priscilla Lacerda e Emiliano Pordeus Sousa
Uma Canção Política – Guga Limeira – João Pessoa
Músicas suplentes (por ordem de classificação)
Hoje Tudo é Sertão – Yuri Gonzaga e Carlitos Mendonça – João Pessoa
No Mêi da Feira – Sayro Braga e Naldinho Braga – Cajazeiras
A Hora da Flor – Beto Silva e Tiago Urca – João Pessoa
Quem Nunca Sofreu no Amor – Nino Ramos e Taynana Flôr do Campo -Campina Grande
Deixo o Passado Leve Demais – Pabulus Lentulus – João Pessoa
Antidoto – Alta – João Pessoa
Através do Amor – Evandro Rosas – Campina Grande
Paraibaiano – Ricardo Campos Lé – João Pessoa
Artista em Tempo Integral – Andrei Lira – João Pessoa
Fia – Vitória Ohara – João Pessoa
Cronograma
Inscrições: de 18 de fevereiro a 13 de março de 2025
Divulgação: 1º de abril de 2025
Sorteio de ordem nas Eliminatórias: 04 de abril de 2025
Construção dos arranjos: 07 de abril a 03 de maio de 2025
Ensaios Banda Base: de 05 a 16 de maio de 2025
Ensaio 1ª e 2ª Eliminatória: 20 e 21 de maio de 2025, em Campina Grande (PB)
1ª Eliminatória: 22 de maio de 2025, em Campina Grande (PB)
2ª Eliminatória: 23 de maio de 2025, em Campina Grande (PB)
Sorteio Final: 27 de maio de 2025, em João Pessoa
Ensaio Final: 31 de maio de 2025, em João Pessoa (PB)
Final: 31 de maio de 2025, em João Pessoa (PB)
Homenageados
Cantor, compositor e guitarrista natural de Campina Grande, Cassiano escreveu sucessos como Primavera e Eu amo você (em parceria com Silvio Roachel), interpretados por Tim Maia, e ficou conhecido como um dos grandes nomes do soul brasileiro. Morreu aos 77 anos em 2021, no Rio de Janeiro, onde morava desde o final da década de 1940.
Iniciou a carreira aos 21 anos, tocando violão no Bossa Trio, que daria origem ao grupo vocal Os Diagonais. Gravou alguns compactos com o grupo, mas se tornou conhecido em 1970, quando participou como compositor e guitarrista no primeiro disco de Tim Maia, assinando quatro das 12 faixas. Canções do artista também foram interpretadas por outros cantores, como a música Mister Samba, por Alcione, e Morena, por Gilberto Gil.
Gravou os álbuns Imagem e som (1971), Apresentamos nosso Cassiano (1973) e Cuban soul – 14 kilates (1976) e Cedo ou tarde (1991), que inclui gravações com Djavan e Marisa Monte. A distância de lançamento entre o terceiro e o último álbum, assim como a ausência de outros discos desde 1991, se devem ao desacordo de Cassiano com a política mercantilista das gravadoras.
A outra homenageada é Glorinha Gadelha. Cantora e compositora natural de Sousa, ela começou a cantar e estudar teoria musical desde cedo. Formou-se em medicina em João Pessoa e iniciou sua carreira musical em 1968 apresentando-se no programa A Grande Chance, da TV Tupi, no qual se destacou como compositora. Em 1969, venceu o 3º Festival de Música Popular Paraibana.
Entre 1971 e 1973, atuou no Instituto Superior de Educação Musical da Paraíba. Em 1974, lançou o livro O Bailado das Sardinhas, uma novela. Ainda 1974 conhece o compositor e sanfoneiro Sivuca e, após trabalhar em hospitais do Rio de Janeiro, decide ir para os Estados Unidos em 1975, onde foi estudar linguagem musical na Columbia University de Nova York. Casa-se com Sivuca e, durante a permanência no exterior, estuda música e compõe músicas. É lá que Glória Gadelha compõe sua música de maior sucesso: Feira de Mangaio, em parceria com Sivuca.
Em 1976, De volta ao Brasil gravou como cantora a música Amor em Jacumã. Seu primeiro disco, Bendito o Fruto, saiu em 1982, seguido de outro LP, Segredos da Palavra Manhã. Na segunda metade da década de 80, intensifica a carreira no exterior, sempre ao lado do marido.
Entre 1984 e 1991, realizou uma série de shows no Brasil e no exterior, obtendo destaque na Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, Espanha, França, entre outros. Em 1992, gravou LP contando com a participação de Zé Ramalho, participou como cantora do songbook de Dorival Caymmi e, em 1999, gravou mais um CD, e em 2000 gravou Ouro e Mel, pela CPC-Umes.
Morou com Sivuca no Rio de Janeiro até 2003, quando retornam à Paraíba. Glória mora em João Pessoa até os dias de hoje. Tinto e Tropical, lançado em 2004, conta com a participação de Quinteto Uirapuru, do grupo Nossa Voz e de muitos outros. Após a morte de Sivuca, em 2006, Glória dedicou-se a organizar e preservar o material de acervo que acumulou nos anos de vida compartilhada. Em 2011 lançou o livro de contos Um Anjo de Dois Anjos, publicado pela Escrituras Editora.
Outros parceiros de Glória são Hermeto Pascoal, Marilena Soneghet, Aldir Blanc. Entre os principais intérpretes de suas músicas destacam-se Clara Nunes (que lançou Feira de Mangaio e Como é Grande e Bonita a Natureza), Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Quarteto em Cy, Moraes Moreira, Elba Ramalho e Amelinha.