Nesta segunda-feira (31), diversas cidades do Rio Grande do Sul foram palco de manifestações que lembraram os 61 anos do golpe militar de 1964. Os atos reuniram parlamentares, ex-presos políticos, ativistas de direitos humanos e artistas. O objetivo foi preservar a memória das vítimas da ditadura e reforçar o compromisso com a democracia.
Em Porto Alegre, um grupo realizou uma vistoria no Monumento aos Mortos e Desaparecidos pela Ditadura Militar, localizado na avenida Edvaldo Pereira Paiva. Inaugurado em 1995, o monumento, assinado pelo escultor gaúcho Luiz Gonzaga, encontra-se em estado de deterioração. A jornalista Telia Negrão, que conduziu a atividade, destacou a importância da preservação do local. “Este monumento deveria ser motivo de orgulho para todos, mas está em avançado estado de deterioração. O poder público precisa agir.”

A iniciativa da vistoria partiu da deputada federal Maria do Rosário (PT), que não pôde comparecer por questões de saúde. Entre os presentes estavam os deputados estaduais Leonel Radde (PT) e Stela Farias (PT), além dos vereadores Jonas Reis (PT), Aldacir Oliboni (PT) e Alexandre Butlitz (PT). Também participaram ex-presos políticos como Raul Pont, Raul Carrion e Raul Ellwanger, integrantes da Associação dos Ex-Presos Políticos.

O ex-vice-prefeito Raul Pont, que inaugurou o monumento durante a gestão de Tarso Genro, e Margarete Moraes, ex-secretária de Cultura responsável pelo edital que viabilizou a obra, também estiveram na visita. Ambos reforçaram a necessidade de medidas urgentes para a recuperação do local.

A vistoria reforçou a necessidade de restauração urgente do monumento, que completa 30 anos em 2025. Ativistas da cultura também manifestaram apoio à causa, reforçando que a conservação desse patrimônio é um dever das autoridades e da sociedade.
Repúdio a declarações que exaltam a ditadura
O Levante Popular da Juventude repudiou as declarações do vereador Marcelo Ustra Soares (PL), que fez apologia à ditadura militar e à tortura. Ustra, que leva o sobrenome do coronel Brilhante Ustra, único militar reconhecido oficialmente como torturador, tem se manifestado em defesa do golpe de 1964 e do ataque golpista de 8 de janeiro de 2023.
O grupo destacou que manifestações que exaltam regimes autoritários e a violência de Estado são crimes previstos na legislação brasileira. Além disso, reforçou que a democracia exige vigilância constante para que o país não volte a flertar com o autoritarismo.
Comemoração dos 40 anos da redemocratização sem anistia para os golpistas
Na manhã desta terça-feira (1º), foi realizado o ato de denúncia do golpe militar de 1964, comemoração dos 40 anos da redemocratização sem anistia para os golpistas, em frente ao memorial. A iniciativa foi da Associação de Ex-Presos e Perseguidos Políticos, Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Conselho Estadual dos Direitos Humanos, Comissão Direitos Humanos, Segurança e Direitos do Consumidor, Comissão Memória Verdade Enrique Serra Padrós da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e Comissão Memória Justiça PCdoB. O evento contou com a presença de diversas entidades sindicais, movimentos sociais e políticos.
O presidente da Central Única do Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS), Amarildo Cenci, enfatizou a necessidade de vigilância contínua na defesa da democracia. “A democratização do Brasil deve ser perseguida o tempo todo, porque, como hoje, temos golpistas pedindo anistia pelos crimes cometidos em 8 de janeiro de 2023.”
Além das manifestações locais, o Supremo Tribunal Federal (STF) também se pronunciou sobre a data, ressaltando a importância de recordar o passado para evitar a repetição de regimes autoritários. Em suas redes sociais, o STF publicou:
“31 de março de 1964: lembrar para que nunca mais se repita. Hoje e sempre, celebre a democracia e a Constituição Cidadã.”
Os atos realizados no estado reforçam a necessidade de manter viva a memória das vítimas da ditadura militar e de lutar continuamente pela preservação dos valores democráticos no Brasil.
