Servidores públicos de Minas Gerais denunciam o governador Romeu Zema (Novo) por mentir e não cumprir suas promessas de gestão. Em seu discurso de posse de janeiro de 2019, por exemplo, o chefe do Executivo mineiro afirmou que os servidores voltaria a receber seus salários conforme “determina a lei” e que iria investir em segurança, saúde e educação.
Neste 1º de abril, quando é comemorado o Dia da Mentira, o Brasil de Fato MG algumas das principais inverdades ditas pelo governador, na avaliação dos trabalhadores, que reclamam da falta de reajustes salariais e de más condições de trabalho.
Na saúde, Zema propõe o fechamento de quatro hospitais referências na capital mineira. Em relação à infraestrutura, ataca as principais companhias do estado, buscando privatizá-las. Na educação, depois de muita luta, professores e entidades estudantis conseguiram suspender o Projeto Somar, que abria brechas para a privatização da educação pública.
Além disso, no início do seu segundo mandato, o governador tentou emplacar a narrativa de que “a casa estava arrumada”. No entanto, dados indicam que, em seu governo, a dívida do estado com a União aumentou em mais de 50%.
Servidores
Em 2023, Zema propôs um projeto de lei (PL) que aumentou o seu próprio salário em 300%. Neste ano, o vencimento do governador alcançou R$ 41 mil, o segundo salário mais alto entre os chefes dos Executivos estaduais do Brasil.
Em contrapartida, servidores de Minas Gerais denunciam a falta de ajustes salariais. É o caso das auxiliares de serviço da educação básica (ASB), que recebem menos que um salário mínimo.
“Receber menos que o salário mínimo significa ter menos comida na mesa e mais dificuldades. Significa que nem o mínimo conseguimos garantir nas nossas casas, como alimentação, conta de água, conta de luz, botijão de gás, etc”, destaca Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (SindUTE-MG).
Trabalhadores da saúde pública do estado também reivindicam aumento salarial. Segundo dados do Sindicato Único dos Servidores da Saúde do estado (Sind-Saúde/MG), mais de 300 profissionais recebem menos de um salário mínimo. A categoria calcula que, nos últimos anos, sofreu uma perda salarial de 30,8%.
Na segurança pública, servidores também denunciam o descaso do governo Zema. Ainda neste ano, policiais civis, militares e penais reivindicaram reajuste salarial e a instituição do auxílio-alimentação para as categorias. Além disso, policiais reclamam de más condições de trabalho.
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“O governador Romeu Zema não se preocupa em fornecer o mínimo de condições para a segurança dos policiais civis. Tal descaso é apenas um dos exemplos da negligência com a segurança pública”, afirmou o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol/MG), em nota.
No ano passado, o governo de Minas propôs um reajuste salarial de 3,62% para os servidores do estado. No entanto, as categorias denunciaram que a proposta sequer restabelecia as perdas inflacionárias do último período.
Saúde
Na saúde, citada por Zema em seu discurso como uma de suas prioridades, o governador também busca fechar quatro hospitais e criar um novo complexo hospitalar gerido por empresas privadas.
Com isso, os hospitais Odete Valadares (maternidade), João Paulo II (infantil), Alberto Cavalcanti e Eduardo de Menezes, referências em infectologia e oncologia, seriam impactados, assim como os seus pacientes.
Há três meses, o hospital Maria Amélia Lins (HMAL) teve seu bloco cirúrgico fechado. Com isso, equipamentos e funcionários foram transferidos para o hospital João XXIII, o que gerou uma grande sobrecarga e atrasos nos atendimentos.
Também neste mês, o Instituto Trata Brasil divulgou um dado que aponta Minas Gerais como o estado com o maior número de internações hospitalares relacionadas às más condições do serviço de esgoto, coleta de lixo e limpeza pública.
Cemig e Copasa
Outra denúncia dos trabalhadores ao governo Zema é em relação aos ataques promovidos pela gestão à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e à Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), com o objetivo de privatizá-las.
No ano passado, o governador encaminhou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) dois projetos de lei (PL) para privatização das estatais. As propostas seguem em tramitação.
A Copasa atende cerca de 11,5 milhões de mineiros e atua em mais de 75% dos municípios do estado. Já a Cemig faz a produção e distribuição de energia para 90% das cidades de Minas Gerais. Especialistas destacam que experiências de privatização desses serviços tiveram como resultado a piora da qualidade e o aumento das tarifas.
O outro lado
Procurado pelo Brasil de Fato MG para comentar sobre as denúncias, o governo de Minas não respondeu até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.