O Brasil perdeu, neste domingo (6), um de seus maiores nomes da música popular nordestina. Morreu em João Pessoa (PB), aos 95 anos, o cantor e compositor paraibano Antônio Barros, autor de mais de 700 canções que marcaram gerações. Ele sofria do Mal de Parkinson e estava internado desde o início do ano, após complicações causadas por uma broncoaspiração.
Natural de Queimadas (PB), nascido em 1930, Antônio Barros foi responsável por dar voz e identidade ao forró moderno, misturando irreverência, crítica social e regionalismo em letras como “Homem com H”, “Procurando Tu”, “Por Debaixo dos Panos” e “Forró do Xenhenhém”. Suas músicas foram imortalizadas nas vozes de Luiz Gonzaga, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Fagner, Gilberto Gil, Alcione, Marinês, entre outros gigantes da música brasileira.
Da infância em Queimadas ao sucesso no Rio de Janeiro
Barros teve seu primeiro contato com a música ainda menino, em sua cidade natal. Estudou no Grupo Escolar José Tavares, primeira escola do município, e aprendeu violão e pandeiro com o tio de um primo. Já adulto, seguiu para o Rio de Janeiro, onde conheceu Jackson do Pandeiro, que lhe abriu portas no meio musical.
Mas foi em Campina Grande, anos depois, que sua vida mudaria de vez. Lá, conheceu Mary Maciel Ribeiro, a Cecéu, com quem formaria uma parceria artística e amorosa duradoura. Os dois se casaram e passaram a compor juntos, consolidando-se como uma das duplas mais importantes do forró.
Em entrevista concedida ao portal g1 em 2020, quando completou 90 anos, Barros falou sobre essa união: “Ficamos sete meses nos conhecendo, entre idas e vindas, até que eu propus: ‘Vamos formar uma dupla’. E ali nasceu tudo”.
Juntos, Antônio Barros e Cecéu também gravaram um disco de música romântica sob o nome artístico Tony e Mary, mas foi no forró que encontraram sua linguagem mais forte, emplacando sucessos que atravessaram o tempo e conquistaram todo o Brasil.
Reconhecimento e legado
Em 2021, a Assembleia Legislativa da Paraíba reconheceu a obra da dupla como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, por meio de uma lei proposta pela deputada Estela Bezerra (PT). Para ela, o casal representa não somente a musicalidade e a cultura da Paraíba. “São a própria essência do povo nordestino. Suas composições atravessam as gerações como a melhor expressão da nossa gente, da nossa terra e do nosso espírito paraibano”, declarou por ocasião da aprovação da lei.
Antônio Barros foi também homenageado em vida por diversos festivais de música, feiras culturais e coletâneas fonográficas. Apesar da saúde frágil nos últimos anos, seguia sendo referência para novos compositores e músicos nordestinos, que viam em sua obra um retrato fiel da alma popular do Brasil.
Despedida
O velório do artista acontece neste domingo, a partir das 13h, no Cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa. O enterro está marcado para as 17h. Antônio Barros parte deixando um Brasil mais silencioso, mas um Nordeste eternamente embalado por sua voz e sua poesia.