Entregadores de aplicativo realizam protestos em diversos pontos do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (7). A principal acontece em frente ao shopping Grande Rio, considerado o maior de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. No final da manhã, o grupo organizado conseguiu impedir a coleta de pedidos do iFood na praça de alimentação, de forma pacífica.
O objetivo da ação, que vai durar 24h, é conscientizar a categoria por direitos e pressionar o aplicativo a implementar melhorias. Eles reclamam que o iFood promove um adicional por rota que só é válido em áreas nobres, o que deixa em desvantagem os trabalhadores da Baixada e de regiões periféricas.
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“Nunca temos promoção ou melhorias vindas do iFood. E nossas taxas são menores que das áreas nobres”, afirmou ao Brasil de Fato o entregador Ulisses Castro, um dos organizadores da manifestação. Ele também disse que, no Rio de Janeiro, o aplicativo desconsidera os locais onde há barricadas que impedem acesso.
“O que queremos é igualdade de tratamento, principalmente para o pessoal que roda de bike. Aqui na Baixada cerca de 70% dos locais têm barricadas do tráfico e quando recusamos somos bloqueados”, pontua Castro.
A paralisação acontece na esteira do Breque Nacional que tem como principal alvo o iFood. Entre as demandas, está o aumento da taxa mínima por corrida de R$ 6,50 para R$ 10.
A organização do ato no Rio de Janeiro estima que pelo menos 800 entregadores estão paralisados nesta segunda-feira (7). Além da Baixada, há registro de ações também na capital, nos bairros da Penha e da Pavuna, na zona norte, e na Freguesia, na zona oeste.
“Não iremos agredir e nem oprimir ninguém. O foco dessa manifestação em frente ao shopping é chamar atenção dos aplicativos para que tragam melhorias. O único lugar do Rio de Janeiro que não tem promoção é na Baixada Fluminense”, completa o motoboy.
Mundo do trabalho
Em entrevista ao podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato, a economista e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Juliane Furno comentou que o exemplo dos entregadores de aplicativo evidencia que a organização dos trabalhadores está se reinventando no mundo do trabalho.
“Eles se organizam em grupos de WhatsApp. Isso mostra que a tecnologia pode, sim, ser usada a nosso favor. O uso e a subversão que a gente pode fazer com relação a elas também é importante na usabilidade, na criatividade”, disse.
Furno ainda apontou a necessidade de se repensar como os direitos trabalhistas são garantidos no Brasil. “Temos ainda tem uma herança de que os direitos sociais, previdenciários e trabalhistas estão vinculados à carteira de trabalho. Mas talvez ela não vá voltar a ser o padrão de contratação.”
Posicionamento do iFood
Em nota ao Brasil de Fato, o iFood alegou que o valor da taxa mínima por entrega é o mesmo em qualquer região do Brasil, inclusive na Baixada Fluminense (RJ).
A empresa afirma que a frequência de promoções ou incentivos pode variar, que são definidos de forma dinâmica, com base em fatores como a demanda de pedidos e a disponibilidade de entregadores em cada local. “Regiões com menor volume de entregas podem ter menos ações promocionais ativas em determinados períodos”, indica a nota.
O iFood também acrescentou que conta com um setor de logística na empresa que utiliza tecnologia e inteligência de dados para antecipar a demanda por pedidos e a quantidade de entregadores disponíveis em cada área. “O objetivo é garantir que haja equilíbrio entre o volume de pedidos e a frota necessária para realizar as entregas com eficiência”, sustenta a empresa.
“Em momentos de pico — mais comuns em grandes centros urbanos e em horários como o almoço e o jantar —, o aplicativo pode oferecer promoções pontuais como incentivo adicional, contribuindo para o bom funcionamento da operação e para a melhor experiência de todos os envolvidos”, finaliza o iFood.