O ato liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (6) para pedir anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro reuniu ao menos sete governadores bolsonaristas que defendem o perdão aos condenados.
Em registro publicado nas redes sociais, Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, posou ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Júnior (PSD-PR), Jorginho Mello (PL-SC), Wilson Lima (União-AM) e Mauro Mendes (União-MT).
Desses, quatro são cotados como possíveis nomes para candidatura a presidente em 2026 e disputam um possível apoio de Bolsonaro. São eles, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; o de Goiás, Ronaldo Caiado; o de Minas Gerais, Romeu Zema; e Ratinho Júnior, do Paraná.
Marina Lacerda, pesquisadora em Ciência Política na Universidade de São Paulo (USP), afirma que esses nomes estão “disputando a capacidade de serem sucessores de Bolsonaro ou de serem apoiados pelo bolsonarismo nas suas eleições, mas para governo do estado ou para outros cargos”.
A despeito de reunidos na mesma foto durante a manifestação pró-anistia, a pesquisadora afirma que “algumas pré-candidaturas ou alguns nomes vão se tornar tão brevemente adversários políticos, principalmente entre esses eleitores da extrema direita mais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro”.
As mudanças nesse quadro vão depender da posição a ser adotada pelo ex-presidente. “Se ele desde logo aceitar que vai estar inelegível, provavelmente preso e eleger um sucessor, é muito possível que esse nome venha a crescer, mas ele não deve fazer isso. Ele não vai abrir mão, inclusive porque tem divergências entre os membros da sua própria família. Sem contar outros líderes da extrema direita”, afirma Lacerda.
O ato deste domingo (6) na capital paulista atraiu cerca de 44,8 mil apoiadores, segundo estimativa do Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP). O público ficou aquém do registrado em fevereiro do ano passado, quando aproximadamente 185 mil pessoas se manifestaram no mesmo local em favor da pauta pró-anistia, conforme levantamento também realizado por pesquisadores da USP.
“A estratégia de mobilizar a partir da pauta de anistia, admitindo que houve um crime, está mobilizando pela defesa de um crime que foi cometido. Isso é ruim. As pessoas não vão apoiar que um crime que ocorreu seja perdoado”, explica a pesquisadora.
Uma nova pesquisa Quaest divulgada neste domingo (6) mostra que a maioria dos brasileiros se opõe à ideia de conceder anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2022. De acordo com o levantamento, 56% dos entrevistados são contra a anistia, enquanto 34% se mostram favoráveis à soltura dos réus.
Outro dado revelado pela pesquisa é a percepção dos brasileiros sobre o envolvimento de Bolsonaro nos ataques de janeiro. O levantamento indica que 49% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente participou do planejamento dos atos golpistas, enquanto 35% discordam dessa afirmação. Essa avaliação sobre a responsabilidade de Bolsonaro não sofreu variação significativa em relação à pesquisa realizada em dezembro de 2024.
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