O mosquito da dengue não dá trégua em Viamão. O aedes aegypti ataca a qualquer hora, mas é no anoitecer e no amanhecer, quando há mais umidade no ar, que a cidade entra em alerta e é quando ele mais investe contra as pessoas. Os 220 mil habitantes da cidade – bairros, vilas, áreas mais centrais – vivem uma emergência. Já são 1.410 casos registrados até o dia 4, mas as previsões indicam que eles serão muito mais nos próximos dias, segundo a secretária municipal de Saúde, Michele Galvão.
A liderança de Viamão em número de incidências – hoje são 5,2 mil casos no Rio Grande do Sul – é inegável e há várias razões para isso. Falta de investimentos em saúde, descaso com a infraestrutura e os serviços públicos básicos – esgoto, saneamento, coleta de lixo. Para o Diário de Viamão, Michele Galvão afirmou que a proliferação da dengue tem como causa principal o lixo. Ela diz que algumas áreas do município ficaram meses sem coleta de lixo na antiga administração e que só agora as coisas estão indo para o seu devido lugar.

Exército nas ruas, fumacê contra a dengue, vacinação, mutirão contra a dengue, pulverização, “Viamão contra a Dengue” são algumas das ações para estancar a proliferação do mosquito, informa a Secretaria Municipal da Saúde. “Pretendemos trabalhar e fazer todo o tipo de ação para evitar novos casos e mortes. Sabemos que o controle do mosquito é quase impossível”, informou a prefeitura.
Já tem um hospital de campanha montado pelo Exército na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas. Ele começou a funcionar sábado (5) e está atendendo centenas de pessoas diariamente – 30 simultaneamente. A prefeitura informa em seu site que a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos está atuando para acabar com estes lixões irregulares e, em cerca de um mês, mais de 130 caçambas já foram recolhidas, uma medida urgente para acabar com os focos do inseto. Outra ação é conscientizar as pessoas sobre o descarte do lixo. A Força Nacional do SUS, do Ministério da Saúde, também trabalha em regiões da cidade, orientando, prevenindo e propondo medidas urgentes.
Ações
Há técnicos de saúde em várias frentes, conforme a assessoria da prefeitura. Eles estão fazendo procedimentos, atendendo pacientes e alertando a população sobre os perigos da doença e sobre cuidados com o lixo. Há 30 militares do Exército, com 100 agentes comunitários de saúde e outros 50 agentes de endemias trabalhando nas zonas do município mais afetadas e existe a previsão de que novos contingentes chegarão para atacar o problema. Eles estão realizando a remoção mecânica de pontos de água parada e de pontos de descarte de lixo, além de aplicar inseticidas nas casas e terrenos baldios.
O surto de dengue ainda não se transformou em caos total, ressalta a prefeitura. Os bairros Santa Isabel, Paraíso, Augusta e Cecília possuem altos números de casos. Os locais estão sendo monitorados diariamente.
A Vigilância em Saúde de Viamão afirma que está realizando ações de combate ao mosquito nas regiões mais afetadas e locais com maior concentração de casos positivos, com visitas domiciliares diárias, orientações à população e eliminação de focos do vetor.
A Secretaria Estadual da Saúde reforça a importância de que a população procure atendimento médico nos serviços de saúde logo nos primeiros sintomas:
• febre alta (39°C a 40°C), com duração de dois a sete dias, dor retro-orbital (atrás dos olhos)
• dor de cabeça
• dor no corpo
• dor nas articulações
• mal-estar geral
• náusea
• vômito
• diarreia
• manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira
Viamão
• 2.681 notificações
• 1.410 casos confirmados
• 849 casos em investigação
• 2 casos inconclusivos
• 420 casos descartados
• 1.357 dos confirmados, autóctones (adquiridos no território do município)
Rio Grande do Sul
• 27.864 notificações
• 5.326 casos confirmados
• 13.868 casos em investigação
• 816 casos inconclusivos
• 7.874 casos descartados
• 4.678 dos confirmados, autóctones (adquiridos no território do estado)
• Cinco mortes
• Municípios infestados: 474
