O plebiscito popular sobre a taxação dos super-ricos e o fim da escala 6×1, proposta criada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, foi um dos temas de discussão do Seminário Estadual Mãe Stella de Oxóssi, realizado na Escola Parque, em Salvador (BA). A atividade, organizada pelo Levante Popular da Juventude, reuniu jovens de todo o estado entre os dias 5 e 6 de abril para debater estratégias de organização e luta na Bahia, tendo a consulta popular como uma das principais ferramentas de trabalho de base do movimento neste ano.
“A juventude da classe trabalhadora enfrenta cada vez mais uma precarização da vida, muitas vezes tendo uma jornada dupla ou tripla de trabalho. Nesse sentido, o Seminário Estadual Mãe Stella de Oxóssi aponta o fim da escala 6×1, entendendo que é a juventude, em sua maioria, os sujeitos e sujeitas que carregam nas costas as chibatas do capitalismo e da exaustiva jornada de trabalho”, salienta Gustavo de Santana, da coordenação nacional do Levante Popular da Juventude.
Instrumento de diálogo
A proposta do plebiscito popular consiste em um processo de consulta livre para saber se a população é favorável ou não à criação de um imposto sobre grandes fortunas e à redução da jornada de trabalho. Até a votação, que será realizada em setembro, o Levante Popular da Juventude e as dezenas de organizações envolvidas na iniciativa irão construir uma jornada de atividades com o intuito de ampliar o diálogo com a sociedade sobre esses temas.
“Entendemos que a disparidade de renda, o aumento das fortunas dos super-ricos e o crescimento da pobreza do Brasil é um problema que atravessa a juventude. Por isso, apontamos a construção dos plebiscitos populares como uma ferramenta essencial para a retomada de trabalho de base com o povo brasileiro. É fincando a bandeira no território que construiremos o trabalho de base”, salienta o coordenador.
Segundo lista da revista Forbes, atualmente o Brasil possui 240 bilionários. Eles seriam os alvos centrais da proposta de taxação, que busca redistribuir renda e beneficiar milhões de brasileiros a partir da ampliação dos impostos sobre essa pequena parcela da sociedade. No mesmo sentido, a luta pelo fim da escala 6×1, transformada na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 8/2025, encabeçada pela deputada federal Érika Hilton (Psol-SP), pretende melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores ao permitir jornadas menores e sem redução salarial.
Unidade na luta
Além dos debates de organização do movimento, o seminário também contou com um ato político com a presença de diversos parceiros e autoridades, que discutiram desafios da conjuntura atual. A diretora de Educação de Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria Estadual de Educação (SEC), Poliana Reis, destacou o papel das escolas do campo, indígenas e quilombolas na formação de jovens atuantes na transformação social e apontou o compromisso da instituição com os jovens.
“A Secretaria Estadual da Educação teve a honra de participar dessa construção e segue de mãos dadas com a juventude do campo e da cidade em busca de uma sociedade melhor”, destacou Reis, por meio das redes sociais.
Também contribuíram com os debates Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP); Adelaide Purificação, coordenadora do setor estadual de juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Marco Cerami, diretor de Comunicação do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub); Rogério Fonseca, representante dos povos de terreiro da ilha de Itaparica; Anderson Alves, secretário executivo do Conselho Estadual de Juventude (Cojuve), Neide Bastos, vice-diretora da Escola Parque; e Júlia Garcia, do setor nacional de mulheres do Movimento Brasil Popular.