O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta quarta-feira (9) do encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que acontece em Honduras com a participação dos governos progressistas do México e da Colômbia, que buscam o fortalecimento da integração regional da América Latina frente às tarifas aplicadas pelo governo de Donald Trump aos países da região.
Lula e Claudia Sheinbaum lideram as duas maiores economias latino-americanas e a Colômbia tem o quarto maior PIB da região. Também confirmaram presença os presidentes da Bolívia, Uruguai, Cuba e Haiti, e os primeiros-ministros da Guiana e de São Vicente e Granadinas. Outros países serão representados por chanceleres ou vice-chanceleres, como Chile e Paraguai.
Criada em 2011 por impulso do presidente venezuelano Hugo Chávez (1999-2013), a Celac é composta por 33 países, e na cúpula deste ano debaterá várias iniciativas, incluindo uma proposta brasileira para impulsionar a candidatura de uma mulher para o cargo de secretária-geral da ONU.
“Nunca houve uma mulher como secretária-geral da ONU. Temos candidatas de grande peso, político, intelectual, liderança”, declarou a embaixadora Gisela Maria Figuereido, secretária para a América Latina e o Caribe do Ministério das Relações Exteriores, em um comunicado. Além da integração regional, o combate às mudanças climáticas e a segurança alimentar também estão entre as pautas do governo brasileiro durante o encontro.
Lula convidará os líderes do grupo para participarem da COP30, marcada para novembro deste ano, no Brasil, e para aderirem à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa proposta pelo Brasil na presidência do G20 que tem como meta erradicar a fome no mundo até 2030.
Tarifas
Trump anunciou tarifas de 10% às importações do Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras e El Salvador. Para a Venezuela são de 15% e Nicarágua 18%. O México não foi incluído na lista de Trump, mas enfrenta tarifas de 25% para o setor automotivo, além de taxas para o aço e o alumínio.
O México é um dos países mais vulneráveis às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, já que os Estados Unidos são o destino de 80% de suas exportações e seu maior parceiro comercial, graças ao tratado de livre comércio T-MEC, que também inclui o Canadá. Em declarações na segunda-feira, Sheinbaum afirmou que não descarta aplicar tarifas recíprocas aos EUA.
“Na medida do possível, queremos evitar impor tarifas recíprocas (…). Não as descartamos, mas preferimos continuar o diálogo antes de tomar qualquer outra medida”, disse a presidente.
Sheinbaum explicou que o motivo para não responder às tarifas dos EUA, que no caso do México afetam o aço e o alumínio e parcialmente a indústria automotiva, é que isso se refletiria em “aumentos de preços” desses produtos no México.
Panamá
Além das tarifas, também devem estar na pauta dos governos de esqueda da região as deportações de migrantes dos Estados Unidos e as ameaças de Trump de retomar o Canal do Panamá.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, que assumirá a presidência rotativa da Celac ao final da cúpula, propôs “iniciar uma nova fase de respeito ao Canal do Panamá”. À frente da Celac, a Colômbia buscará um “relacionamento estratégico com parceiros extrarregionais como a União Europeia, China e a União Africana”, segundo o ministério das Relações Exteriores colombiano.
Durante visita ao Panamá na segunda-feira (7), o presidente progressista do Uruguai, Yamandú Orsi, pediu avanços nos processos de integração na América Latina para enfrentar a incerteza econômica.
As declarações do presidente deste país-membro do Mercosul se seguiram à imposição de tarifas pelo presidente americano, Donald Trump, a países de todo o mundo, inclusive os da região.
“Naquele sul da América, onde nós somos um dos dois menores países da aliança Mercosul, entendemos que nossa vocação permanente é a de articular, integrar um mundo em que, todas as semanas ou todos os dias, nos deparamos com surpresas, com incerteza”, disse o esquerdista Orsi.”Nós queremos ser o caminho da certeza, da segurança”, acrescentou Orsi, em breves declarações à imprensa ao lado do presidente panamenho, o direitista José Raúl Mulino.
*Com AFP