O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), José Damasceno, disse que um dos lemas da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária é chamar a atenção da sociedade para a necessidade da reforma agrária e denunciar a violência de Estado. “São 29 anos do massacre de Eldorado do Carajás. O Estado brasileiro continua violento tanto quanto antes e a serviço do latifúndio”, afirmou Damasceno em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
A Jornada, também conhecida como Abril Vermelho, faz parte da agenda nacional do movimento que marca os 29 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando uma repressão policial a uma marcha no Pará deixou 21 camponeses mortos e outros 69 mutilados.
Quase três décadas depois, uma ocupação de cerca de 400 famílias do MST foi reprimida e expulsa de uma área da Usina São José S/A Álcool e Açúcar em Rio das Pedras, a 170 quilômetros da capital de São Paulo. Pertencente ao Grupo Farias, a empresa foi multada em R$ 18 milhões pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) por provocar a morte, em julho de 2024, de cerca de 235 mil peixes no rio Piracicaba.
“A companheirada de São Paulo ocupou uma usina que já cometeu vários crimes ambientais e trabalhistas, além de ter dívidas estrondosas com a União. Mas o Estado brasileiro age em defesa e trata a reforma agrária como caso de polícia. Então, infelizmente, assim como acontece no Estado, aconteceu no estado de São Paulo e acontece em alguns outros estados da federação, que tratam a reforma agrária como caso de polícia”, falou Damasceno sobre o caso.
“Nós repudiamos e queremos permanentemente denunciar para a sociedade brasileira a violência do agronegócio e a violência do Estado brasileiro a serviço do agronegócio”, concluiu o dirigente.
A tradicional Jornada de Lutas começou em 1º de abril e segue até o próximo dia 17, quando é celebrado o Dia Internacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. O movimento busca pressionar o governo federal, cujas políticas para a reforma agrária são consideradas aquém do necessário.
Ocupações de latifúndios, marchas, distribuição de alimentos e protestos em sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) estão previstas em todas as regiões do país durante o Abril Vermelho.
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.