Em discurso nesta quarta-feira (9) na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, criticou a política dos Estados Unidos para os países da região. “Nossa autonomia está novamente em xeque. Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região. A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas”, disse Lula.
“Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes. Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, discursou o presidente brasileiro.
Trump anunciou tarifas de 10% às importações do Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras e El Salvador. Para a Venezuela são de 15% e Nicarágua, 18%. O México não foi incluído na lista de Trump, mas enfrenta tarifas de 25% para o setor automotivo, além de taxas para o aço e o alumínio.
Diante desse cenário, Lula destacou a necessidade de união entre os países que integram a Celac. “Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão do globo entre superpotências. O momento exige que deixemos as diferenças de lado. É preciso resgatar o espírito plural e pragmático que nos uniu no início dos anos 2000”, disse o presidente brasileiro.
Criada em 2011 por impulso do presidente venezuelano Hugo Chávez (1999-2013), a Celac é composta hoje por 33 países. Além dos governos progressistas de Brasil, México e Colômbia, também participam da cúpula os presidentes da Bolívia, Luis Arce; de Cuba, Miguel Díaz-Canel; da Guatemala, Bernardo Arévalo; do Uruguai, Yamandú Orsi; e do Haiti, Leslie Voltaire.
Estão presentes na conferência, ainda, os primeiros-ministros da Guiana, Mark Phillips, e de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves.
“É imperativo que América Latina e Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que se descortina”, destacou Lula. O presidente brasileiro também defendeu na cúpula a candidatura de uma mulher para o cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
No discurso que abriu a cúpula nesta quarta, a presidente hondurenha, Xiomara Castro, também pediu que os países latino-americanos se unam em um momento em que Trump “redesenha” o mapa econômico.
“Não podemos continuar caminhando separados quando o mundo se reorganiza”, disse Castro no discurso de abertura do evento, no qual afirmou que, agora, os “Estados Unidos redesenham seu mapa econômico sem se perguntar quais povos ficam para trás”.