A Prefeitura de São Paulo ameaça despejar o coletivo Tem Sentimento, que atua há cerca de sete anos junto à população trans e de mulheres e imigrantes na região da Cracolândia, no centro do município.
De acordo com o grupo, a Secretaria de Direitos Humanos ofereceu um novo espaço dentro de um prédio, mas longe da Cracolândia, “o que não faria o menor sentido”, diz o coletivo, que hoje atende cerca de 70 pessoas e beneficia mais de 300 indiretamente.
“Não somos apenas um endereço físico ou local de trabalho, somos o coração de um projeto que transforma vidas, que acolhe e cuida de pessoas marginalizadas e em vulnerabilidade nos bairros da Luz e Santa Efigênia, localizados na região da Cracolândia. Foram anos de esforço e dedicação incansáveis que impactam diariamente a vida de centenas de pessoas”, diz o movimento em nota.
“O nosso espaço tem sido um refúgio para aquelas e aqueles que mais precisam, um ponto de apoio onde as portas estão sempre abertas e sem julgamentos para quem busca a chance de recomeçar. Não podemos permitir que um projeto com tantos frutos colhidos seja interrompido agora, no auge de sua consolidação e importância para o bairro e para a sociedade”, afirma o Tem Sentimento.
Segundo Giordano Magri, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole, o despejo faz parte de um processo de higienização urbana, transformando as políticas públicas na expulsão de populações em situação de vulnerabilidade.
“Um processo de fechamento dos serviços, e a principal oferta hoje é a internação para que essa pessoa saia e já não fique mais ali. A gente vê que as políticas públicas também vêm sendo alteradas para tirar essas pessoas”, disse Giordano Magri em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Para ouvir e assistir
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