Artesanato, dança, música, filme, atividades educativas para crianças e o compartilhamento de saberes originários. Tudo isso faz parte da programação cultural do 21º Acampamento Terra Livre (ATL), que acontece até sexta-feira (11), em Brasília. O encontro reúne povos indígenas de todo o Brasil e comitivas internacionais num espaço de diversidade, pluralidade, integração e resistência.
Na tenda principal, diariamente acontecem shows de artistas indígenas de diversos gêneros musicais e de dança, a partir das 19h. Já a tenda da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) realiza a exibição de filmes produzidos por indígenas ou com temática indígena.
Pensando em ter um ponto de apoio para mães, pais e responsáveis que estão participando das atividades do acampamento, o Centro Amazônico de Formação Indígena (Cafi) criou o Cafi Parentinho. O espaço é aberto para receber crianças de 4 a 12 anos, das 9h às 17h. A programação inclui contação de histórias indígenas, atividades de pintura com urucum e corporal, oficina de miçangas, brincadeiras e lanche.
“Em 2022, na gestão percebemos que muitas mães não conseguiam acompanhar as discussões porque precisavam cuidar das crianças. Foi quando criamos o projeto”, explica Gracinha Manchineri, gerente de formação da Coiab. Ela explica que, ao longo dos últimos anos, o espaço não é mais só de acolhimento, mas também de formação.
Na sexta-feira (11), o Cafi Parentinho vai receber uma roda de conversa sobre “as crianças como autoridades climáticas”. “Este ano passamos a trabalhar os mesmos temas discutidos nas tendas principais, que são as mudanças climáticas, clima, território e problemas ambientais. Pois as crianças são a resposta para o futuro”, destaca Manchineri.
O espaço ainda faz o intercâmbio com escolas públicas, com o objetivo de fortalecer a convivência entre crianças indígenas e não indígenas. “Recebemos grupos de escolas, com o objetivo de integrar as crianças. Elas brincam juntas, sem preconceito, e é assim que podemos superar o racismo estrutural desde cedo e transformar o futuro”, afirma Gracinha.
Expressão Cultural
Ao andar pela grande extensão do acampamento é possível apreciar diversos produtos de artesanato. Cada forma de arte carrega características próprias de expressão cultural e cria um ambiente de fortalecimento de povos e culturas, além de ser uma forma de sustento financeiro.
“Estive em todas as edições do ATL. Quando começou, eu era uma das seis artesãs que estavam vendendo. Hoje nós temos mais de 300 povos com sua diversidade cultural”, conta a artesã Nildes Kariri Xocó, de Alagoas. “Fico muito feliz de ver a sustentabilidade avançando e as crianças aprendendo com suas mães, mantendo viva a tradição.”
O artesão Pukiora Panará, de Mato Grosso, também destaca o valor cultural e econômico do artesanato. “Estamos aqui com produtos que carregam o grafismo tradicional do povo Panará, que quase foi extinto. Agora, podemos exportar e ainda gerar renda”, comenta.
ATL
Mais de 6 mil indígenas de cerca de 150 povos de todas as regiões do Brasil estão reunidos em Brasília (DF) para a maior mobilização indígena do país, o 21º Acampamento Terra Livre (ATL), que começou na segunda-feira (7) e segue até esta sexta-feira (11). A estrutura do evento está montada próxima à Torre de TV, atração turística da capital federal.