O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participou nesta quarta-feira (9) da 9ª cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Honduras. Em seu discurso, ele afirmou que o mundo enfrenta “ataques econômicos e migratórios” promovidos pelos Estados Unidos. Segundo ele, a perseguição contra os imigrantes que vivem nos EUA a partir da política do presidente estadunidense, Donald Trump, é a “agressão mais grave do fascismo e o nazismo contra migrantes”.
“Hoje, vivemos uma agressão na Venezuela que não hesitamos em qualificar como a mais grave agressão civilizacional contra os povos migrantes nos Estados Unidos desde a era do fascismo e do nazismo. Nossos migrantes são perseguidos como criminosos. Atualmente, vivemos duas agressões, uma de natureza econômica e outra de natureza humanitária, contra nossos migrantes”, disse.
Ele também citou a lei do século 18 usada pelo republicano para deportar 238 venezuelanos para El Salvador. De acordo com o mandatário, é preciso uma articulação da Celac para formar um bloco com propostas e ações comuns que enfrentem esse tipo de medida de Trump.
Ainda de acordo com Maduro, o mundo já conhece as sanções aplicadas contra a Venezuela, mas, agora, os ataques são contra o mundo inteiro. Em seu discurso, o presidente venezuelano também afirmou que essa postura dos EUA representa o fim da globalização ocidental, dos acordos bilaterais e do direito comercial e internacional.
“A ofensiva contra o mundo inteiro, contra a nossa região, para tentar impor uma era de dominação imperial, nos obriga a considerar um despertar coletivo da consciência dos povos e governos que prezam a nossa soberania, a nossa autodeterminação, e que têm um profundo amor pelo sonho de um futuro em liberdade, com soberania e independência, com prosperidade conquistada e trabalhada pelos nossos povos na união frutífera da nossa região”, disse.
Maduro também apresentou a proposta de criar uma secretaria-geral para a Celac. Para ele, é importante que os estados latino-americanos construam uma institucionalidade para ganhar força política e de negociação internacional.
“Nossa comunidade de Estados latino-americanos deve pensar a médio e longo prazo e construir sua própria estrutura institucional. A Venezuela propôs a criação de uma Secretaria-Geral da CELAC, que seria administrada com o objetivo de fornecer acompanhamento oportuno e capacidade de reunião”, afirmou.
Assim como outros 184 países, a Venezuela foi uma das afetadas pelo tarifaço de Donald Trump. O país terá um imposto de 15% sobre seus produtos. A gestão de Trump também anunciou que aplicaria uma tarifa de 25% aos produtos de qualquer país que decidisse comprar petróleo venezuelano. Mas o republicano também tem ameaçado Caracas de outras formas. No mês passado, a Casa Branca anunciou o fim da licença para que a petroleira estadunidense Chevron atue na Venezuela. A companhia é responsável por 20% da produção e exportação de petróleo no país.
Depois disso, ele revogou as licenças para outras empresas petroleiras para exportarem gás na Venezuela. A medida afetou a espanhola Repsol e a italiana Eni, que também extraíam gás no país caribenho.
A pressão sobre a Venezuela preocupa o governo venezuelano, que preparou um plano de autossuficiência energética. A vice-presidente e ministra do Petróleo, Delcy Rodriguez, disse que há um contato permanente com as empresas para que elas sigam no país.